untal Escreveu:
Miguel98 Escreveu:
Porque pessoal que corre no CT fazer melhor números que o vençedor de 3 Voltas a França, que os números do Contador de 2009, é meramente normal. Claro. Isto é claramente só preparação. É tudo circunstancial? Claro. Mas não deixa de haver fundamento de verdade. Como é óbvio, não é só a W52 que anda bombada. O De Mateos agora é sprinter e trepador, à sprinter dos anos 2000. O Fat Caldeira o ano passado droppou meio pelotão na Torre.
Mas claro, é só métodos superiores de treino. É como a Sky. É só métodos superiores de treino, ganhos marginais. Isto em Portugal, é como o Roche diz, é como correr na Ásia. É tudo um monte de dopados a lutarem uns contra os outros. Aliás, aqui na Europa, a VdP deve de ser mesmo a prova onde há mais diferenças entre o primeiro e o pessoal do top 20 (ignorando os GT's). Só se compara as provas asiáticas, onde há 3 ou 4 gajos bombados (geralmente iranianos), e depois há tipo 7 minutos para o 5º. Mas claro, só métodos superiores de treino.
Não discordando totalmente, devo dizer que o reparo que fazes ao De Mateos não faz sentido. Um ciclista pode muito bem alterar a preparação e ter características físicas que o permitam ter melhores resultados em outros terrenos. O Jóni Brandão, p.e., não era trepador por excelência nos escalões de formação. Anyway, o De Mateos é um ciclista leve, mais leve que o Indurain que ganhou o que ganhou por ter um coração anormal, e, como tal, pode perfeitamente subir bem caso se prepare para isso e caso o seu corpo tenha características para isso. Leonardo, se leres isto, expõe sobre este assunto
Continuando, quantas corridas existem na Europa com o número de etapas como a Volta e uma diferença tão grande na qualidade entre boas e más equipas? A Volta sempre foi anormal nisto, não se pode ligar o doping com as diferenças de tempo entre o 1º e o 20º.
De qualquer das formas, é preciso ser ingénuo para não ligar alguns pontos. É bem possível que haja doping no pelotão português, especialmente na W52 pelos motivos óbvios, até extra performance desportiva. Agora não podemos é justificar tudo com substâncias dopantes.
Imaginando um mundo onde não se coloca a questão do doping, sim, é possível. O ciclismo é ainda muito amador, mesmo a nível WT. Só assim se percebe diferenças grandes entre ciclistas de umas equipas para as outras e ouvindo os DD e os próprios corredores percebe-se isso, alguns treinam e outros andam de bicicleta.(basta ver o exemplo da performance do Rui e do Nélson na Movistar e na Lampre e percebe-se perfeitamente que existe quem faça um treino controlado e analisado e quem trabalhe de forma muito amadora). A questão do doping só por si não poderia explicar tudo, num momento talvez mas após isso acaba por se tornar transversal, até porque não são propriamente equipas específicas a "criar" ou "reutilizar" as substancias.
Passando esse ponto, o ciclista pode ter alterações substanciais na sua forma de correr de acordo com o planeamento que faz, obviamente que não estamos a falar de colocar o Cavendish a disputar o Mont Ventoux, mas é possível moldar as características de um corredor.
De forma muito simplificada podemos considerar dois tipos de fibras musculares, I (lentas - associadas à resistência) e II (associadas à velocidade) , (são mais os tipos mas para simplificar fiquemos por estes). Um atleta está sempre dependente do tipo que domina, há estudos que defendem que é maioritariamente hereditário, há alguns mais recentes que defendem que pode ser moldado. Na realidade o que se sabe é que em maior ou menor grau existem alterações, que podem ser induzidas pelo treino. Sendo que é mais fácil "alterar" as tipo II (De Mateos sprinter) para tipo I (De Mateos trepador). Alterar está entre aspas porque o que acontece é mais provável ser uma substituição e hipertrofia das fibras mais estimuladas e não uma transformação, um bocado a lei do "use it or lose it".
Depois, não conhecendo por dentro como trabalham todas as equipas, uma avaliação de treino muito regular e bem fundamentada em números (VO2, limiar anaeróbio, potência máx, etc), ao invés de feelings cria diferenças enormes na evolução e performance do atleta.
Com idade e com o treino intensivo acho que é normal perder fibras rápidas e ganhar fibras lentas, sofre-se essa transformação se disse bem. Por isso é que muitos sprinters perdem velocidade com a idade e acabam por se focarem principalmente nas clássicas, tipo o Boonen por exemplo. Um exemplo de um gajo que é um peso pluma, mas que é um sprinter do alho é o Coquard, deve ter predominante fibras rápidas, e nem com o melhor doping do mundo, andará alguma vez a subir montanhas com trepadores.