Pengo Escreveu:
A questão do Mate pode ser interpretada desta forma...o Juaristi hoje não estaria tão forte como ontem, tanto na Aldeia Viçosa como em Videmonte esteve sempre na cauda do grupo do camisola amarela, nunca conseguindo responder prontamente a qualquer ataque, poderá ter dado a indicação que não estaria num dia top e Mate estando no mesmo grupo, teve carta branca para atacar a vitória de etapa e a classificação da montanha...posto isto, caso o Mate não colaborasse com o Nych, abriria o lote de possiveis vencedores da etapa já que Cobo, Fonte e Sessler resistentes da fuga estavam logo ali. Pode ser uma interpretação do que aconteceu, mas só sabendo mesmo como estaria fisicamente o Juaristi para se chegar aqui.
A tua interpretação está incorreta de qualquer maneira.
Estes são os factos: o Juaristi passou mal na Aldeia Viçosa, e o Maté nunca se preocupou com ele. Nem olhou uma vez para trás! Se não fosse o James Whelan a levar indisciminadamente o António Carvalho e o Juaristi na sua roda, era possível que estes nunca mais reentrassem, tanto que o Luís Gomes e um Boavista (Hugo Nunes?) perdem ligeiramente a roda desse grupo e não mais recolam. Depois, em Videmonte, tens o Figueiredo ao ataque, o Maté não tem capacidade para os seguir, mas torna a não se importar com o seu colega e faz a sua corrida atrás do Figueiredo e do Casimiro. Neste caso, como o Juaristi nunca perdeu o contacto com o Délio e o Stussi, não fez grande diferença, mas ficou outra vez patente que o Maté tem zero de interesse em ajudar o seu colega. Por fim, o seu ataque foi bem executado, mas a partir do momento em que chega o Nych, não há qualquer motivo para colaborar: vai ganhar a etapa sim ou sim desde que o Nych o leve atrás, mas a partir do momento em que passa a 3ª categoria na Guarda colabora com o Nych. Nesse momento tem o Cobo e o Fonte na roda, continua a colaborar quando o Sessler reentra, portanto a justificação não foi ter receio destes, e continua a colaborar até ao empedrado junto da meta, quando era óbvio que a vitória estava no bolso.
Se o Maté fosse de qualquer outra equipa que não a dos três primeiros, eu entendia o que ele fez. Mas não só ajudou o seu colega a ser ultrapassado por um legítimo perigo para a GC, como não se mostrou minimamente disponível a ajudá-lo quando é o melhor contrarrelogista dos três que ganharam tempo na Torre, e o segundo melhor do top-10 atrás do António Carvalho. E o Nych também é bom no TT. O Maté até pode ter aspirações à geral, mas falhou na Torre, no TT é muito inferior, e como é óbvio, salvo um erro tático gritante, não vai recuperar o tempo necessário para ganhar a Volta. Ganhar por 10s ou 2 minutos devia ser indiferente para ele, mas não é indiferente para o Juaristi. O resultado final foi bom para ele e para a equipa, foi a primeira vitória do ano para a Euskaltel, mas sem esta palermice tática teria ganho à mesma e não teria prejudicado severamente o seu companheiro de equipa.
Mas também há a questão que a fuga ganhou muito tempo no final, porque o grupo da frente andou ali muito tempo com apenas 1min de vantagem, tanto que o Nych só subia a 4º da geral e depois do nada ganharam ali um minuto, talvez porque atrás toda a gente se deixou ir na roda do Pedro Pinto do que propriamente pelo Mate puxar. E por outro lado acho que as equipas estrangeiras se estão a guiar muito pelo Frederico Figueiredo (e provavelmente pelo Moreira antes), já na Torre fiquei com a ideia que o Ardila e o Pira estavam focados em ir sempre com o Fred quando talvez pudessem ter conseguido ganhar tempo, e ontem para o Juaristi também estar no grupo do Fred e do camisola amarela era positivo para eles. O Mate podia ter ajudado mais, mas acho que fez tudo por ganhar a etapa e era esse o objetivo da equipa e também como é a VAP acho que a própria Euskaltel e as equipas estrangeiras sabem que podem perder gás no fim e o Juaristi tanto pode fazer pódio, ganhar a Volta ou cair para décimo.