Bernardo_ Escreveu:
O Morgado disse algures numa entrevista que andou doente durante uma boa parte do ano que pode ter prejudicado a preparação a época passada.
Ele é pesadote, uns 70 kg, terá sempre algumas limitações em aceleração e desgaste acumulado em etapas de montanha. Mas o rapaz mete 400W durante largos minutos. É treinável.
Pengo Escreveu:
É evidente que ninguem está à espera que um indivíduo com 70 Kg seja o melhor trepador do mundo mas também tás a pegar no ano em que o Morgado neste curto trajeto de carreira teve afetado por lesão ou doença ou chamem-lhe o que quiser...pode haver aqui trabalho no futuro, perda de peso, etc, algo que o corredor esteja disposto a trabalhar e a sacrificar características para potenciar outras, não sei...o que sei é que o que vimos ontem foi muito bom, o futuro é dele.
Não estou a dizer que não tenha capacidade para fazer alguns resultados em provas por etapas, se se focar nisso. Mas para isso não tem que resolver apenas uma, mas duas deficiências que mostrou até agora, que é a capacidade na montanha e o contra-relógio, que também não parece ser nada de especial do que mostrou desde que saiu dos júniores (em que nem aí mostrou internacionalmente capacidade de se destacar no ITT, e nos júniores tendo mais potência que os outros é ainda mais garantia de conseguir resultados um pouco por todo o lado).
Para quê abdicar dos pontos fortes que tem e nos quais já consegue estes resultados aos 20 anos, que dão indicações de ter uma hipótese legítima de vir a ser um futuro
world beater, para arriscar outro tipo de provas para as quais não parece talhado e onde não demonstra ter as capacidades fisiológicas que dão a vantagem imediata a um Vingegaard ou a um Ayuso, por exemplo?
Isto porque acho que ele pode aspirar a ter uma trajetória marcante num espectro de provas que na geração anterior poderia pertencer a um Alaphilippe, por ex., em vez de ser um Benoot, que também apareceu do nada com um 5º lugar na Ronde numa idade próxima da do Morgado e depois andou um par de anos em território de ninguém, onde não se percebia se queria ser um homem de clássicas ou um daqueles ciclistas regulares que estão sempre no top-10 das provas de 1 semana ou a lutar discretamente por um top-20 numa grande volta e que, embora tenha conseguido vários top-10 em provas de 1 semana, sinceramente não me lembro de nada de icónico dele nessas provas que fique para a posteridade.
Acho que apostar em provas por etapas com a ambição de andar a fazer top-10 em grandes voltas é curto quando do outro lado da balança há potencial para ser um classicómano de topo.