Rui costa pensa apenas no tour
Por uma curiosa coincidência ligada à formula ambígua das equipas nacionais, rui costa tornou-se aos 26 anos, campeão do mundo de estrada, no passado Domigo, sob o ceu desmoronado de Florença, ganhando ao Valverde, o seu companheiro de equipa na movistar, uma equipa na qual o português, vencedor de duas Voltas à Suiça, se sentia constrangido e frustrado nas suas ambicões. E com alguma razão porque a sua reputação merecia um outro estatuto.
"Em Espanha, toda a gente o conhece, eu por exemplo acho que é um ciclista inteligente, habil. Aliás, quando eu o vi chegar perto de mim durante a Corrida, pensei assim, aqui está o campeão do mundo!", tinha comentado domingo à noite joaquim rodriguez, "psicológicamente" derrotado pelo português antes de iniciar o sprint.
E o que é o mais impressionante no Rui Costa é esta mistura de admiração e de terror que ele desperta nos seus adversários, com apenas uma reserva: a Tendência que tem o português em aproveitar o trabalho dos outros, o que lhe irá criar algumas inimizades dentro do pelotão, quem sabe já no próximo domingo, na volta à lombardia. "Ele faz parte dos 4 ou 5 ciclistas mais malandros do pelotão, é um grande estratega, hábil em aproveitar as situações mais complicadas e no final das grandes corridas, é um killer" salienta o italiano Giovanni Visconti, seu companheiro na Movistar que vê nele " um líder no sentido forte da palavra" que trabalhou no tour para Valverde e Quintana "contra a sua própria vontade".
Daí a sua saída para Lampre onde Giovanni Saronni o contratou também " para os seus pontos uci" ( e por um milhão de euros segundo a gazetta dello Sport) afim de assegurar a manutenção da equipa no world tour. " não tivemos dificuldades em encontrar um acordo, diz saronni, porque o rui estava empenhado, e ele só tinha uma exigência: ter mais espaço, com a possibilidade de escolher os seus objectivos, nomeadamente o tour e a classificação geral, algo que não lhe era permitido na Movistar, onde se sentia frustrado".
Agora qual pode ser o futuro de Rui Costa ? Até onde é que irá Rui Costa ? Vencedor de duas Voltas à Suíça, duas vezes campeão do contra relógio em Portugal, Rui Costa é um ciclista todo o terreno, muito eficaz nas clássicas em que a sua mestria táctica pode exprimir-se à vontade. " Ele pode ganhar Liege-bastogne-liege mas o tour é que não, não é um grande trepador" acrescenta Visconti.
Mas o português também terá que melhorar a sua imagem, arrasar com as criticas que aparecem nos jornais e nos quais os seus rivais acusam-no entrelinhas de ser " um chupador de rodas". Críticas que Saronni partilha em parte se bem que " é preciso ver o contexto da corrida" diz o diretor da Lampre.
Porque este mundial disputado debaixo de uma chuva terrível ( basta ver a média da corrida, 36 km por hora inferior à média da prova das mulheres, 37 Km por hora) foi de um rigor extremo. " Rui costa não está isento de culpas, é verdade, apesar de eu achar que o Nibali foi demasiado ingenuo. Mas tendo em Conta as condições de corrida, o título só podia ser ganho por um ciclista fora de série e o mérito pertence ao Rui Costa", salienta Saronni, que sabe, por experiência, que a camisola de campeão do mundo tem um peso enorme. " Esta vitória vai complicar-lhe a vida ou, pelo contrário, animá-lo ainda mais. Tudo depende. Mas não poderá andar escondido como andou no domingo. Esta camisola tem um peso moral e cabe-lhe demostrar que não ganhou esta camisola por acaso" conclui Saronni.
L'equipe, traduzido pelo Olivier.
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