Bom dia a todos!
Peço desculpa por não ter conseguido escrever esta crónica na quarta-feira como é habitual mas logo a seguir à etapa do Tour acabar, tive que ir a Lisboa e só voltei de madrugada. Mas vamos ao que interessa. Hoje irei debater um tema que surgiu a propósito de um acontecimento bastante aborrecido que nos fez relembrar a diferença entre o Tour de France e o Giro d'Italia: a etapa 3 do Tour 2016 que ligou Granville a Angers. Nesta crónica, irei comparar os percursos do Giro, do Tour e da Vuelta dos últimos anos e também irei elaborar um top-10 dos melhores percursos destas três corridas da década presente.
Antigamente achava deprimente ver o Tour na primeira semana. Uma primeira semana como aquela que tivémos no Tour do ano passado (que se resume a vento + pave + muros) é um acontecimento raro numa corrida como o Tour de France e quanto mais andamos para trás no tempo pior são os percursos das primeiras semanas do Tour, salvo raras exceções que não me recordo. Lembro-me de ver o Tour na casa dos meus avós que adoravam ciclismo porque o meu pai e a minha mãe trabalhavam durante o dia e lembro-me da minha avó se queixar que não acontecia nada nas primeiras etapas do Tour. Mas apesar disso tudo, achava o Tour a melhor corrida do mundo porque nunca tinha visto o Giro ou a Vuelta.
Foi a partir de 2012 que comecei a acompanhar a Vuelta e achei logo que esta era melhor que o Tour. Só em 2014 acompanhei o Giro regularmente (sem ser só aos fins de semana porque tinha sempre aulas à tarde) e mesmo assim achava a Vuelta melhor. Após a combinação de 2 Giros que foram os melhores dos últimos anos (2015 e 2016) e depois da desgraça que foi a Vuelta 2015, comecei a preferir o Giro até aos tempos atuais.
Achei o percurso do Tour do ano passado um dos melhores percursos do Tour dos últimos 10 anos, apesar da falta de contrarrelógio e pensei que o Tour finalmente tinha aprendido alguma coisa com o Giro. Mas não. Este ano tudo regressa a um nível bastante baixo: chegadas planas sem interesse nenhum, ausência de uma chegada em alto forte que faça a diferença na primeira etapa dos Pirinéus, a subida de Arcalis que deve ser das piores subidas em Andorra e uma última etapa sem criatividade nenhuma, tratando-se de uma cópia quase exata da etapa 20 da Vuelta 2015 (até tem uma pequena chegada a 3%).
Os percursos do Giro são sempre os melhores, com uma primeira semana "colinosa" como diz o Luís Piçarra, com uma ou duas chegadas longas mas de pouca dureza. E a partir da etapa 14, normalmente, a altíssima montanha começa e só para no último dia, que habitualmente tem tido um circuito no centro histórico de uma cidade que faz diferenças.
Os percursos do Tour simplesmente têm excesso de etapas planas na 1ª semana, por vezes. Mas nas restantes semanas, nao há nada a apontar à
Grande Boucle na 2ª e na 3ª semana.
Na Vuelta, os percursos têm sido os piores. Apesar da 1ª semana estar quase ao nível da do Giro d'Italia, as outras duas têm vivido ou à conta de Alberto Contador ou à conta de uma etapa durinha em Andorra. Um exemplo disso é a Vuelta 2015. Depois de ver a forma como o pelotão se partia num grupo de 20 depois do ataque de Nairo Quintana em Caminito del Rey, pensei que a Vuelta iria ser um espetáculo enorme. E foi até à etapa 11. Já sabia que a chegada a Alto Campoo não iria fazer grandes diferenças mas a chegada a Sotres foi a que mais me desiludiu porque pela primeira vez na vida uma primeira categoria com mais de 12 km e com pendente média de 8% a fazer tantas diferenças para os 10 primeiros como, por exemplo, o Alto del Naranco (5.7 km a 6.1%). A subida de Ermita de Alba simplesmente foi aborada de forma ridícula pelos ciclistas, assustados pelos mais de 11% de pendente média. Só a etapa 20 dessa Vuelta proporcionou um bom espetáculo e lá está, acabava em descida após uma passagem pela Morcuera e por Navacerrada. Se fizessem essa Vuelta desta maneira (Etapa 1-11 + Etapa 17-21), tinha sido muito melhor.
Fiquei parvo quando vi quase todas as chegadas que fracassaram nos últimos anos da Vuelta juntas numa única Vuelta. Continuam a insistir nas súbidas a mais de 10% de média para chegadas em alto. Apesar da organização afirmar que o percurso não é mais duro por causa dos Jogos Olímpicos, a inexperiência dos designers da Vuelta a fazerem percursos soft não deixa de vir ao de cima. Para estas duas etapas cujo prefil irei apresentar aqui em baixo, eu pergunto-me "O que é isto?".
Por fim, fica aqui o meu top-10 dos melhores percursos da década presente. Podem também fazer o vosso top-10 nos comentários, visto que alguns membros aqui lembram-se melhor de alguns percursos mais antigos em particular.
1º - Giro 2015 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=116944&c=42º - Tour 2015 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=149964&c=43º - Giro 2013 (original porque houve muitas subidas não realizadas devido a razões meteorológicas) -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=149921&c=44º - Tour 2014 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=124228&c=45º - Vuelta 2013 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=116891&c=46º - Giro 2011 - [url]http://www.procyclingstats.com/race.php?id=109920&c=4[url]
7º - Giro 2016 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?c=4&id=1636938º - Giro 2014 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=139069&c=49º - Tour 2011 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=110703&c=410º - Vuelta 2014 -
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=139153&c=4Na próxima semana, espero conseguir escrever esta crónica na quarta-feira e ainda terei que pensar sobre o que irei escrever.