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Está a começar a Liga Virtual 2024! O Draft World Tour já arrancou. Está atento a este tópico do nosso fórum!

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MensagemEnviado: 19 Ago 2016, 22:56 
Dobradinha no Tour
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Boa tarde a todos!

Decidi finalmente que tema iria debater nesta crónica enquanto pensava no que aconteceu há um ano na Vuelta a España e também no percurso deste ano da Vuelta, que conta apenas com uma chegada em alto que poderá cavar mais de dois minutos entre primeiro e décimo, a de Aubisque. Fazendo um pequeno aparte e para quem não sabe, para mim a diferença entre primeiro e décimo de uma etapa de montanha é um indicador importante para avaliar o espetáculo de uma etapa. Se for acima de dois minutos ou próximo disso, não tenho nada a apontar a uma etapa mas se por exemplo numa primeira categoria esta diferença é inferior a um minuto, o espetáculo da etapa foi quase inexistente.
Por isso, desta vez, irei apresentar um top 10 de etapas que só pelo que foram em termos de espetáculo preencheriam uma volta inteira de ciclismo. É claro que isto é tudo muito relativo porque qualquer etapa com o Mortirolo ou o Zoncolan se encaixaria aqui mas evitarei essas etapas para dar lugar a outras. Informo que apenas irei incluir etapas corridas no século XXI.

10º - Pau > Col du Tourmalet - Tour de France 2010 - Schleck vs Contador no nevoeiro

Uma etapa que contou com uma subida destrutiva ao Tourmalet numa semana exclusiva e espetacular de Pirinéus. Andy Schleck iria tentar tudo para recuperar a liderança do Tour depois de a ter perdido para Alberto Contador graças a um furo de Schleck seguido de um ataque de Contador, furo este que Contador alega não ter visto, garantindo-lhe estas declarações uma forte assobiadela no pódio final em Paris. Eram 8 segundos que separavam os dois e numa subida como o Tourmalet, 8 segundos ganham-se ou perdem-se muito facilmente.

Como disse, Andy Schleck tentaria tudo e foi isso que fez: ainda longe da meta, mais concretamente a 10 km, há saída de Bareges, com um grupo ainda bastante numeroso, atacou de forma fortíssima sendo apenas seguido por Alberto Contador. A luta entre os dois no meio do nevoeiro subida acima foi um momento para recordar e após vários ataques de um e de outro, a vitória na etapa sorriu a Andy Schleck e a vitória no Tour seria para Alberto Contador. Esta pode não ser uma etapa que valia por uma volta inteira e por esse mesmo motivo é que a coloquei em décimo, mas esta ascensão ao Tourmalet Deixo aqui a classificação da etapa e um vídeo com esta grande luta.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=107909

https://www.youtube.com/watch?v=VUtSgkKkziY

9ª - San Lorenzo de El Escorial > Cercedilla - Vuelta a España 2015 - Ataque da Astana a Tom Dumoulin

Todos nos lembramos bem desta etapa. Estávamos na última etapa da Vuelta e tive o prazer de testemunhar a partida desta etapa ao vivo e ao ver a concentração e seriedade que Fabio Aru apresentava naquele dia, percebi que a Astana iria atacar forte a camisola vermelha de Tom Dumoulin, que se mativesse a camisola após esta etapa, entraria na linhagem de vencedores surpresa da Vuelta, onde estão incluidos Juan José Cobo e Chris Horner.

Depois de uma Vuelta que deixou um vazio em todos nós em termos de espetáculo, esta etapa foi abordada de forma completamente diferente de todas as outras desta grande volta: quando já se questionava a espetacularidade desta etapa, na segunda passagem pelo Puerto de la Morcuera, a Astana rapidamente reduziu o grupo a 7 unidades deixando Dumoulin há mercê de Aru e de Landa. Depois de Dumoulin ter ficado para trás momentaneamente num corte, Fabio Aru abriu as hostilidades deixando Dumoulin para trás. Com Aru, Majka e Quintana na frente, Landa ficou no grupo de trás e quando o grupo de Aru já tinha um espaço maior, Mikel Landa, que vinha no segundo grupo acabou com Tom Dumoulin atacando nos últimos metros da subida e levando todos os perseguidores atrás exceto Dumoulin. Com Luis Leon Sanchez a descair da fuga para dar uma ajuda na descida a Aru e a Landa que entretanto já tinha feito a ponte estando na frente também com Majka, Quintana, Chaves, Rodriguez, a desvantagem de Dumoulin foi sendo cada vez maior. Ainda tivemos espaço para um ataque de Quintana e de Majka na última contagem do dia, o Puerto de Cotos, ganhando ambos quase um minuto a Aru. A vitória na etapa foi para Rúben Plaza depois de um ataque a mais de 110 km da meta, conseguindo que ninguém da fuga sequer chegasse perto da sua vantagem! José Gonçalves foi segundo e Alessandro De Marchi foi terceiro.

Esta etapa incluiu quase todo o espetáculo que faltou nas etapas asturianas e no dia seguinte, na partida de Alcalá de Henares rumo a Madrid, que também tive o prazer de testemunhar, a Astana compensava a seriedade do dia anterior com sorrisos e boa disposição, ao contrário de Dumoulin, que parecia ainda abalado depois do que aconteceu. Em baixo, apresento uma classificação só com os tempos dos favoritos mas quem quiser ver a classificação completa, deixo também o link.

Classificação dos favoritos:

1º - Rafal Majka
2º - Nairo Quintana a 2
3º - Esteban Chaves a 53
4º - Joaquim Rodriguez a 55
5º - Fabio Aru a 56
6º - Mikel Landa a 1:06
7º - Bart De Clercq a 3:59
8º - Mikel Nieve a 3:59
9º - Gianluca Brambilla a 4:46
10º - Domenico Pozzovivo a 4:48
12º - Tom Dumoulin a 4:48

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=150001

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8ª - Orthez > Gourette - Col d'Aubisque - Tour de France 2007 - O último show de Rasmussen

Não é que esta etapa tenha sido histórica ou algo do género mas decidi falar sobre ela porque prevejo uma etapa corrida de uma forma muito semelhante a esta do Tour 2007 na Vuelta deste ano e convém rever o que aconteceu em 2007. Quem jogou o Tour de France 2012, que é um jogo bem feito no sentido de sentirmos a dureza das subidas a jogar, sabe que o Aubisque é uma subida de uma dureza impressionante onde a pendente raramente baixa dos 8% e sou totalmente a favor de que as chegadas em alto aqui se tornarem cada vez mais frequentes.

Falando da etapa, devo dizer que esta etapa foi abordada de uma forma pouco habitual. Ao contrário da maior parte das etapas de alta montanha com muitas contagens em que existe uma subida em que o ritmo alto surge do nada partindo o pelotão, nesta o ritmo imposto pela Rabobank com Michael Rasmussen, o líder da prova, Denis Menchov e Michel Boogerd foi constante durante a primeira parte da etapa, aumentando ligeiramente na penúltima contagem do dia, onde cerca de 20 unidades ficaram na frente ainda com o Aubisque por subir. No início do Aubisque, a fuga seguia ainda na frente com a Discovery de Alberto Contador a impor um ritmo fortíssimo com Yaroslav Popovych e Levi Leipheimer no Aubisque. O espanhol atacou diversas vezes mas apesar de todas as suas tentativas e das da sua equipas, às quais Michel Rasmussen respondeu sem sequer levantar o traseiro do selim. No último quilómetro quem levantou o traseiro do selim acabou por ser o próprio Rasmussen que deixou Leipheimer e Contador para trás vencendo a etapa.

Se Rasmussen não tivesse controlado positivo no mesmo dia da sua vitória e não tivesse sido mandado para casa e posteriormente despedido pela sua equipa, a história que se contava do Tour 2007 teria sido completamente diferente. Contador acabaria por vencer o Tour com a menor vantagem de sempre num Tour para Cadel Evans: 23 segundos. Até parece impossível ter existido uma Rabobank tão forte mas parece que acontece sempre alguma coisa para um holandês não vencer uma grande volta. Mas não é nisso em que os holandeses devem acreditar, mas sim que um dia acabará por acontecer essa vitória, mais ou menos como Portugal campeão da europa.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=101752

http://cdn.media.cyclingnews.com/2012/10/19/1/pic698261_600.jpg
http://cdn.velonews.competitor.com/wp-content/uploads/2011/01/2007tdfacandchickens.jpg

7ª - Alpago > Corvara (Alta Badia) - Giro d'Italia 2016 - Espetáculo nos Dolomitas

Mais uma etapa que não foi histórica nem nada do género e todos se lembram bem desta. Eram 3 contagens de montanha que eram atravessadas antes de uma passagem pela meta em Corvara, a famosa estância de esqui nos Dolomitas italianos que após muito tempo resolveu finalmente patrocinar o Giro d'Italia. O camisola rosa à partida era Andrey Amador da Movistar, sendo o primeiro centro americano a envergar esta liderança.

Ia na frente uma fuga enormíssima onde houve sempre gente a tentar a sua sorte de muito longe. Na primeira passagem pela meta, a grande fuga já ia partida em vários grupos como consequência das tentativas de vários ciclistas, entre eles Ruben Plaza, o novo rei dos ataques de longe em fugas, David Lopez e David de la Cruz. Quanto ao pelotão, já estava reduzido a cerca de 50 unidades ainda muito longe do fim.

Ruben Plaza, que tinha mais de um minuto de vantagem para os seus perseguidores, já sonhava com uma vitória semelhante àquela que aconteceu em Cercedilla na Vuelta 2015, até que teve que enfrentar o Passo Giau, a principal contagem de montanha do dia. Plaza quebrou e foi ultrapassado pelos seus perseguidores, que agora eram apenas Darwin Atapuma, Georg Preidler e Kanstantsin Siutsou, este último que foi durante quase toda a etapa virtual camisola rosa. No pelotão, a Astana reduziu o grupo a 10 unidades (Scarponi, Nibali, Valverde, Kruijswijk, Majka, Chaves, Uran, Dombrowski e Zakarin), com Amador a ficar de fora deste grupo.

Mas a etapa estava longe de estar decidida. Na descida, Amador, que já perdia qause um minuto no topo da contagem de montanha, conseguiu juntar-se ao grupo dos favoritos que viu deixá-lo na subida, provando que é um grande descedor. No início da última contagem do dia, o Passo Valparola, Vincenzo Nibali lançou o seu ataque, apenas seguindo com ele Steven Kruijswijk e Esteban Chaves. O maior derrotado era Valverde que ficava quase tão para trás como o seu companheiro de equipa e camisola rosa Andrey Amador. A fuga via a sua vantagem diminuir significativamente e Atapuma tentava a todo o custo ir sozinho. Mas na luta dos favoritos, Kruijswijk e Chaves acabaram por deixar Nibali para trás, conseguindo fazer a junção mesmo no topo da subida com Preidler e Siutsou. Nibali passava não muito longe e ainda via hipóteses de regressar ao grupo na descida.

Ainda havia uma pequena dificuldade, o Muro do Gato, uma curta subida com elevadas pendentes de inclinação. Passada essa subida, Atapuma estava à mercê de Chaves, de Kruijswijk e também de Preidler, já que Siutsou cedera. Atapuma acabaria por ser apanhado a cerca de 2 quilómetros da meta e a vitória sorriu a Esteban Chaves, que foi o mais forte no sprint final entre Preidler, Kruijswijk e Atapuma, ainda que tenha recebido bastante luta de Georg Preidler.

No fim, Kruijwsijk vestiu-se de rosa e só deixaria esta cor na etapa de Risoul, outra etapa espetacular. Selecionei esta etapa para este top 10 para mostrar que uma etapa não precisa de ser histórica para ser espetacular e achei que esta etapa teve tudo o que nós espetadores queríamos.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=163684

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6ª - Saint-Jean-de-Maurienne > Morzine - Tour de France 2006 - Super Landis

Estávamos na última etapa de alta montanha deste Tour 2006 e o ciclista que acabou por ser o homem do dia tinha perdido mais de 10 minutos na anterior etapa. O líder da prova era Oscar Pereiro graças a uma fuga que o fez não só recuperar o tempo perdido numa etapa de montanha como ainda o fez ganhar tempo e poucos duvidavam que este ciclista cedesse a liderança depois de tudo o que se já tinha aguentado.

Foi a mais de 130 Km para o fim da etapa que primeiro a Phonak começou a reduzir significativamente o pelotão. Mas foi a meio da subida que Floyd Landis entrou ao trabalho levando consigo priemiro um grupo de 15 com Oscar Pereiroque rapidamente se transformou um grupo de 3 unidades sem Oscar Pereiro. Landis praticamente continuou a impor ritmo até à meta só que ainda no Col des Saisies seguiu sozinho para uma vitória espetacular, atravessando ainda mais 4 contagens de montanha. Carlos Sastre foi segundo e Christophe Moreau foi terceiro, ambos já com um grande atraso de tempo para Landis.

No fim, Oscar Pereiro, que chegou a 7:08 de Landis, viu não só o americano mas também o seu compatriota Sastre ficarem a menos de 30 segundos da sua liderança e tendo em conta que ainda ia haver um contrarrelógio, este era problema para o espanhol. Como já era previsto, Floyd Landis venceu o Tour completando o pódio com Pereiro em segundo e Sastre em terceiro.

Floyd Landis acabaria por ser desqualificado dado o seu uso de EPO durante este Tour e a vitória oficial ficou mesmo em Oscar Pereiro, que foi o último vencedor surpresa do Tour de France. Landis acusou também de doping Lance Armstrong, George Hincapie, David Zabriskie e Levi Leipheimer. Acusou ainda Johan Bruyneel, o seu ex diretor desportivo, de subornar a UCI para que um controlo positivo de Armstrong se mantivesse em segredo. O presidente da UCI negou toda a história mas a maior piada nisto tudo é que Armstrong foi mesmo apanhado com doping e na minha opinião, Pat McQuaid devia ter recebido o mesmo castigo de Armstrong.

http://www.procyclingstats.com/race/Tour_de_France_2006_Stage_17

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5ª - Val di Sole > Passo dello Stelvio - Giro d'Italia 2012 - Do mais duro que já se viu

Uma etapa com um percurso digno de uma centésima edição do Giro, até porque já está confirmado. Os ciclistas tiveram que atravessar, para além de 3 contagens de montanha na primeira parte da etapa, o Mortirolo e como se já não bastasse subir para a meta no topo do Passo dello Stelvio. Uma etapa que tinha tudo para ser espetacular e salvar um Giro menos conseguido e foi isso que aconteceu.

No Mortirolo, o grupo dos favoritos ficou logo reduzido a cerca de 15 unidades, passando para 30 após uma longa fase de plano entre o Mortirolo e o Stelvio. Também no Mortirolo, Thomas De Gendt, Damiano Cunego, Mikel Nieve, entre outros, decidiram atacar de longe esta etapa com alguma ajuda de companheiros de equipa que estavam na fuga. No início do Stelvio, já era evidente que a vitória seria para um destes homens.

De Gendt acabou por levar a melhor, passando por um cenário de paredes de gelo, um cenário que já começa a ser um grande indicador de que o espetáculo vai acontecer. Nos favoritos, Rodriguez, Scarponi e Hesjedal batalharam subida a cima e foi Hesjedal que mais trabalhou para impedir que De Gendt levasse a camisola, sendo este último um pergio para a liderança ainda mais porque iria haver um contrarrelógio.

No fim, De Gendt acabaria por completar o pódio final deste Giro, não ficando muito longe do vencedor. Rodriguez manteve a sua liderança apesar de pouco ter feito para isso, liderança esta que acabaria por perder para Hesjedal no contrarrelógio final. Um prémio merecido para um corredor que sempre acredita que é possível recuperar e alcançar o que já parece perdido. Obrigado Ryder Hesjedal! =D>

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=112700

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4ª - Modane > Alpe d'Huez - Tour de France 2011 - O Contador mais ativo que alguma vez se viu

Depois de uma grande etapa na Serre Chevalier, da qual irei falar mais há frente, seguíamos para esta etapa com Voeckler a segurar uma camisola amarela por muito pouco tempo em relação a Andy Schleck. Nunca esperei ver uma etapa tão ativa depois do que tínhamos visto ontem mas a verdade é que aconteceu.

Ainda no início do Col du Télégraphe, Alberto Contador atacou seguido imediatamente por Andy Schleck. Os dois conseguiriam fazer a ponte para a fuga na descida, deixando Frank Schelck, Samuel Sanchez, Cadel Evans e Thomas Voeckler para trás ainda na ascensão.

No Galibier, que agora era feito numa vertente inversa à do dia anterior, Schleck, Contador, Rui Costa e Riblon seguiam na frente, com uma vantagem de cerca de um minuto para o pelotão constantemente em redução por parte de Cadel Evans e da BMC. No quarteto da frente não aconteceria nada de relevante mas lá atrás, os ataques de Cadel Evans e de Samuel Sanchez deixavam Voeckler em grandes dificuldades.

Felizmente para Voeckler, a descida era muito longa e com a ajuda dos seus companheiros de equipa da Europcar conseguiu voltar a ver o grupo dos favoritos que já incluia tanto o quarteto que passou na frente o Galibier como o pequeno grupo comandado por Evans, formando-se assim um pequeno pelotão antes do início do Alpe d'Huez.

No Alpe d'Huez, Alberto Contador tentou mais uma vez a sua sorte, conseguindo sair do grupo cada vez mais reduzido, onde Voeckler cedia novamente. A Contador juntaram-se mais tarde Pierre Rolland e Samuel Sanchez, dando-se uma batalha épica entre estes três pela vitóra. Rolland acabou por levar a melhor, deixando Sanchez em segundo e Contador em terceiro. Andy Schleck chegava a pouco menos de um minuto do vencedor e vestia a amarela no final do dia.

Andy Schleck acabaria por perder a amarela para Cadel Evans mas provou que foi o rei dos Alpes nesse Tour de France. Já Voeckler acabaria por terminar em quarto atrás de Frank Schleck, que completou o pódio dessa fantástica edição do Tour.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=110677

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3ª - Gijón > Angliru - Vuelta a España 2002 - A mitificação do Angliru

Desde há muito tempo que a Vuelta queria uma subida que rivalizasse com o Alpe d'Huez e com o Mont Ventoux do Tour de France ou com o Mortirolo e o Passo dello Stelvio do Giro d'Italia. Porém, em 1999, uma subida desconhecida chamada Angliru foi testada e rapidamente se tornou candidata a este posto, numa etapa ganha por José Maria Jimenez e dedicada por ele a Marco Pantani. Em 2000, a subida foi usada novamente no percurso, desta vez com vitória de Gilberto Simoni e onde Roberto Heras consolidou a sua liderança.

O piso desta subida nunca foi o melhor e em 2002, ela foi realizada com chuva a cair. Depois de algumas quedas na descida do Alto del Cordal, uma curta mas muito íngreme subida que habitualmente é realizada antes do Angliru, Roberto Heras atacou forte sensivelmente a meio de uma subida que com chuva parecia duas vezes mais difícil! Depois de uma autêntica luta entre homem e inclinação da estrada, Heras venceu a etapa e assumiu uma liderança que não mais deixaria. Destaque para a grande exibição de Rui Sousa que na altura corria pela equipa da Milaneza, que fechou 15º na etapa como consequência de uma fuga.

Mas o que marcou mais esta etapa foram alguns acontecimentos que acabariam apenas por elevar esta subida a mítica. Os carros de apoio das equipas ficaram encalhados nas partes mais duras, ficando alguns sem a possibilidade de se mover mais também por causa das mensagens dos fãs pintadas na estrada. Muitos corredores ficaram presos na estreita estrada do Angliru atrás dos carros, entre eles David Millar, que se recusou a cruzar a linha de meta em protesto. O ciclsita inglês acabou por abandonar a prova por não ter terminado, o que provocou grande indignação na sua equipa visto que ele era 9º à partida para a etapa. Não encontrei mas se alguém encontrar um video ou uma imagem deste acontecimento, por favor que me avise para o colocar aqui no tópico.

O Angliru foi usado também em 2008., com vitória de Alberto Contador, em 2011, onde Juan Jose Cobo fez o ataque que lhe acabaria por dar a vitória na Vuelta desse ano e em 2013, quando uma fuga com Kenny Elissonde venceu e onde Chris Horner realizou o segundo melhor tempo de sempre na subida, garantindo também a vitória na Vuelta. Espero que contemos com esta subida para 2017 porque já vão demasiados anos em que ela não é usada e temos que admitir que faz muita falta na Vuelta.

http://www.procyclingstats.com/race/Vuelta_a_Espana_2002_Stage_15

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2ª - Ponte di Legno > Val Martello - Giro d'Italia 2014 - Confusão e caos na descida do Stelvio

Num Giro que dificilmente fugiria a Rigoberto Uran, tudo mudou nesta etapa. Graças a uma etapa semelhante a esta que foi anulada devido ao excesso de neve na estrada na edição de 2013 do Giro d'Italia, esta chegada a Val Martello foi adiada para o ano seguinte.

No Passo Gavia, apareceram as primeiras paredes de neve nesta etapa (o tal indicador), deixando logo o pelotão reduzido no meio de um cenário de gelo e de um forte nevão que se repetiria no Passo dello Stelvio, com a Movistar a reduzir o pelotão a cerca de 30 unidades.

Durante a descida, a confusão instalou-se. Surgiu um comunicado da organização que foi interpretado por algumas equipas como indicando a neutralização da descida. Foi ai que Nairo Quintana, Ryder Hesjedal e Pierre Rolland, com a ajuda de alguns dos seus companheiros de equipa atacaram sem nós espetadores nos apercebermos, apesar deste comunicado. Mas o pior foi a atitude de Uran, que continuou a descer com a maior das calmas sabendo do que estava a acontecer. Uran acusou Quintana de ter atacado quando uma mota exibiu a bandeira vermelha que segundo Rigoberto Uran indica a neutralização da corrida. Mas que eu saiba, uma bandeira vermelha aparece quando existe uma curva perigosa e não indica neutralização. Resultado: no fim da descida, a emissão atira-nos um placa com tempos para a cara do nada que dizia que o grupo do Quintana estava com exatamente dois minutos de avanço para o grupo do camisola rosa.

No início da subida, o grupo da frente ficou apenas com Quintana, Rolland e Hesjedal enquanto no grupo do camisola rosa todos colaboravam para reduzir o tempo que chegou a ser apenas de 1:36. Mas quando o último homem de trabalho encostou para o lado no grupo de trás, o tempo para Quintana foi-se tornando cada vez maior, sendo no fim superior a 3 minutos. Na frente, primeiro foi Rolland a ceder perante o ritmo de Quintana e apenas no último quilómetro foi Hesjedal, indo a vitória para Quintana e a camisola rosa.

Quintana manteria a sua liderança até final e a sugestão de Rigoberto Uran de se retirar ao tempo de Quintana os dois minutos que ganhou na descida não andou para a frente. Quintana recuperou cerca de 6 minutos para Uran só na última semana do Giro d'Italia. É deste Quintana que todos nós temos saudades.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=139063

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1ª - Pinerolo > Galibier-Serre Chevalier - Tour de France 2011 - Melhor etapa do século XXI até agora?

Não preciso de falar muito sobre esta etapa porque todos aqui sabem o que nela aconteceu de cor em salteado. Cadel Evans, Samuel Sanchez, Alberto Contador, Frank Schleck... todos eles precisavam de atacar Thomas Voeckler senão este teria grandes hipóteses de vencer o Tour e no caso de Andy Schleck, também precisava de recuperar tempo que perdeu estupidamente ao longo do Tour. Mas nessa última semana, Schleck esteve irrepreensível.

Estávamos no Col d'Izoard quando repentinamente a 60 km da meta Andy Schleck lançou um ataque fortíssimo ao qual Pierre Rolland tentou responder sem sucesso. Schleck ia que nem uma flecha e ganhou tempo muito rapidamente, ficando o pelotão reduzido a um grupo de cerca de 25 unidades. Graças à ajuda de dois dos seus companheiros de equipa (Posthuma e Monfort), Schleck já ganhava mais de 3 minutos e meio ao pelotão agora maior.

Na subida, todos tiveram obrigatoriamente de colaborar para que Schleck não ganhasse o suficiente para sobreviver de líder a um contrarrelógio. A meio do Lautaret, Evans parou porque já existia falta de colaboração, permitindo a Schleck ganhar mais de 4 minutos. Mas há entrada do Galibier, não só Schleck deixava Iglinskiy, o último sobrevivente da fuga, para trás como Cadel Evans aumentou ainda mais o ritmo tirando bastante tempo a Schleck. Primeiro Sanchez, depois Contador foram as principais vítimas de Evans, que diga-se que a par de Schleck e de Thomas Voeckler, fez a melhor subida da sua vida.

No fim, Schleck venceu a etapa e Voeckler manteve a camisola por 15 segundos, acabando no fim do Tour por ficar fora do pódio. Cadel Evans recuperou todo o tempo que Schleck lhe ganhara no contrarrelógio e venceu uma edição do Tour com a melhor última semana de que me recordo.

http://www.procyclingstats.com/race.php?id=110664

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Espero que tenham gostado do tópico e se existe alguma escolha que não vos agrade por favor avisem nos comentários. Só me resta dizer que voltarei daqui a duas semanas já em plena Vuelta ainda sem tema definido e resta-me também desejar que etapas como estas 10 se repitam no futuro.


Editado pela última vez por Sadinus em 20 Ago 2016, 15:08, num total de 1 vez.

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:01 
Vencedor de Provas de 1 Semana
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Li só o início mas onde é que o Schleck furou? Foi uma avaria mecânica, não foi furo nenhum. E para ti espetáculo é quando se fazem grandes diferenças entre 1º e 10º na montanha? Estás apresentado.

Citar:
ao ver a concentração e seriedade que Fabio Aru apresentava naquele dia, percebi que a Astana iria atacar forte a camisola vermelha de Tom Dumoulin"
:mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:


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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:09 
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[quote="Latapy"]Li só o início mas onde é que o Schleck furou? Foi uma avaria mecânica, não foi furo nenhum. E para ti espetáculo é quando se fazem grandes diferenças entre 1º e 10º na montanha? Estás apresentado.

"Fazendo um pequeno aparte e para quem não sabe, para mim a diferença entre primeiro e décimo de uma etapa de montanha é um indicador importante para avaliar o espetáculo de uma etapa."

E como é que sabes se ele estava sério ou não? Estiveste lá? É que se estiveste podemos discutir isso.

Se só sabes dizer mal, mais vale estares calado porque já sei que vais sempre dizer mal. Se quiseres dizer ainda mais mal, não te preocupes porque faço uma crónica inteira a dizer mal do Sagan ou de algum outro teu corredor preferido. Ai sim justifica-se dizer mal.


Editado pela última vez por Sadinus em 20 Ago 2016, 15:26, num total de 1 vez.

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:16 
Alezz Rolland!!
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O momento que valeu a Vuelta do ano passado foi isto:

Não é só as diferenças que fazem a espetacularidade de uma prova. Quanto ao Schleck vs Contador foi absolutamente mítico foi o momento que me apaixonou pelo ciclismo, estou a espera do resto. :P

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:20 
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Essa etapa 20 da Vuelta não foi nada de especial, tirando o facto do Aru ter subido a primeiro.
Podias ter posto aí a do Froome no Ventoux 2013 por exemplo.

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:24 
Alezz Rolland!!
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No ponto 4º está errado, tanto Evans como o Voeckler estavam com Schleck e Contador, o Voeckler não ficou para trás por dificuldades mas sim porque o Evans teve um problema mecânico e ficaram os dois cortados, o Evans teve a sorte de aparecer Burghardt e outro gajo qualquer que o ajudaram muito na fase de subida enquanto que o Voeckler seguiu sozinho em busca dos da frente até quebrar e depois ficar para trás já na zona do túnel do Galibier, depois seguiu-se uma descida suicida do Evans para apanhar os da frente.

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:25 
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http://www.procyclingstats.com/race.php?id=113665

A primeira hora desta etapa também antevia uma corrida épica com o Froome isolado, mas depois tudo se acobardou e foi boriiiiiing. O Kirienka chegou fora de controlo.


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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:31 
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Roche Escreveu:
No ponto 4º está errado, tanto Evans como o Voeckler estavam com Schleck e Contador, o Voeckler não ficou para trás por dificuldades mas sim porque o Evans teve um problema mecânico e ficaram os dois cortados, o Evans teve a sorte de aparecer Burghardt e outro gajo qualquer que o ajudaram muito na fase de subida enquanto que o Voeckler seguiu sozinho em busca dos da frente até quebrar e depois ficar para trás já na zona do túnel do Galibier, depois seguiu-se uma descida suicida do Evans para apanhar os da frente.


É normal que haja alguns erros. Não vi a etapa em direto, vi em diferido e talvez tenha saltado algumas partes. E demorei no total 4 horas a fazer isto. (arfa)

Também pensei na etapa de Luz Ardiden em que o Armstrong e o Iban Mayo cairam e depois o Armstrong ainda ganhou a etapa.


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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:52 
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Falta, pelo menos, a etapa com chegada em Aprica em 2006, absolutamente impressionante com o Mortirolo. Eu sei que disseste que ias evitá-la, mas isto foi ridículo. :mrgreen:
http://www.procyclingstats.com/race/Gir ... _19_Aprica


E o Rasmussen saiu do Tour devido a ter saído cá para fora que tinha falhado 3 controlos. :P


Editado pela última vez por edKarry em 20 Ago 2016, 16:08, num total de 1 vez.

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 15:54 
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Registado: 26 Fev 2009, 13:03
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Nunca achei grande piada á etapa do Schleck.
Tudo se resumiu ao ataque do Schleck e tudo cá atrás a chupar rodas enquanto ele ganhava tempo. Lá que tenha sido um grande ataque não implique que a etapa tenha sido uma treta.
Ainda me lembro do Hernandez a puxar no plano. :lol:

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MensagemEnviado: 20 Ago 2016, 17:20 
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Registado: 15 Dez 2014, 01:08
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Walter Morgan Escreveu:
http://www.procyclingstats.com/race.php?id=113665

A primeira hora desta etapa também antevia uma corrida épica com o Froome isolado, mas depois tudo se acobardou e foi boriiiiiing. O Kirienka chegou fora de controlo.

A etapa foi épica até ao momento em que o Valverde e o Plaza atacaram no plano levando o Froome na roda para a fuga. Mas também verdade se diga que apenas a Garmin e a Movistar fizeram algo nesse dia.


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MensagemEnviado: 21 Ago 2016, 15:42 
CAMPEÓN, ALBERTO CAMPEÓN.
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O Andy Shleck nao teve um furo. Saltou-lhe sim a corrente.

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MensagemEnviado: 21 Ago 2016, 18:57 
TEIKIRIZE?
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Registado: 06 Jun 2011, 12:07
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Localização: Bastuço S. João - Barcelos
O Rasmussen era dinamarques e não holandês.

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MensagemEnviado: 21 Ago 2016, 19:26 
Dobradinha no Tour
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Registado: 29 Set 2015, 17:43
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dvdgms Escreveu:
O Rasmussen era dinamarques e não holandês.


É o que dá escrever à pressa. :facepalm:


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MensagemEnviado: 25 Ago 2016, 00:56 
Penta no Tour
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Registado: 25 Jul 2009, 23:06
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Excelente lista, embora para mim falte aí a melhor etapa do Séc. XXI :P

Essas etapas foram todas excelentes, mas a 19ª etapa do Giro de 2005 foi...something else. Não só foi no último dia competitivo da corrida como as reviravoltas foram tantas naqueles últimos 40 km's que bastava o espectador pestanejar para perder logo algo de relevante na corrida. Ainda hoje estou convencido que se o Di Luca não tem tido o problema físico na descida, o Savoldelli em vez de ganhar esse Giro podia muito bem ter caído para 4º.

E no fim teve também polémica, com o DD da Lampre qual Mário Rocha a disparar para todos os lados, principalmente com os ciclistas da Lotto (Maurício Ardila e Wim van Huffel) que resolveram passar-se para o lado do Bruyneel e ser gregários do Savoldelli por um dia, embora aparentemente nada tivessem a ganhar com isso :mrgreen:


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