Bom dia a todos!
Desde que as aulas recomeçaram, apenas tenho tido tempo para, aqui no fórum, apostar e comentar muito de vez em quando. Como também considero que exagerei um pouco na escrita no último TheSharkAttack, proponho escrever um pequeno tópico desta vez, na qual selecionarei cinco transferências efetuadas até ao presente que considerei totalmente surpreendentes. Para ser menos duro com estes ciclistas, no fim desejar-lhes-ei a melhor das sortes nestas mudanças.
5ª - Paul Ourselin - Vendée U (clube de ciclismo) > Direct EnergieEsta transferência passou certamente ao lado de todos nós porque não traz nada de relevante para o ciclismo internacional. Paul Ourselin é atualmente estagiário da Direct Energie e apesar de se ter sagrado campeão francês de sub 23 este ano e de ter vencido uma outra clássica em França, estes resultados não justificam minimamente a sua contratação para uma equipa profissional continental.
A França apresentou uma super equipa no Tour de l’Avenir que esteve sempre ao lado de David Gaudu, fazendo lembrar um pouco o comboio da Sky. Talvez a Direct Energie saísse mais beneficiada em antecipar-se às outras equipas francesas na contratação dos elementos constituintes deste comboio em vez de ciclistas como o Paul Ourselin que ainda pouco provaram.
Mas como será costume aqui, desejo boa sorte ao Ourselin nesta sua nova equipa e que consiga tanto de improvável como o seu colega Lilian Calmejane conseguiu recentemente.
4ª - Juraj Sagan - Tinkoff Team > Bora-HansgroheNão podia escrever este tópico sem mencionar um ciclista do grupo dos “irmãos privilegiados”. Desde que os irmãos Sagan passaram a profissionais nunca se separaram, permanecendo sempre na mesma equipa. Dai esta transferência para a Bora ser tão previsível.
Em 2016, Juraj conseguiu calar durante poucas semanas aqueles que afirmam que ele vive na sombra do irmão mais novo ao vencer o campeonato nacional da Eslováquia, batendo o próprio irmão por 40 segundos. Apesar de ter conseguido outros resultados medianos em provas com pave, isto não justifica o facto de Juraj Sagan ter sido resgatado do navio Tinkoff, que se vai afundar, enquanto ciclistas com maior qualidade que ele permaneçam mais tempo à espera desse resgate, como Yuri Trofimov.
Mas boa sorte para o Juraj Sagan e para ser sincero, acredito que ele ainda vai conseguir uma ou duas vitórias engraçadas ao longo da carreira.
3ª - Maurits Lammertink - Roompot-Orange Peloton > Team KatushaUm ciclista que fez uma grande época em 2015 e ai não me admirava que uma equipa do World Tour lhe "atirasse a rede". Conseguiu diversas boas classificações, destacando-se o seu top 20 na Amstel Gold Race (chegou no segundo grupo) e o seu top 10 na De Brabantse Pijl. Esteve aquém das espetativas este ano, apesar da sua vitória na Volta ao Luxemburgo e o seu top 20 na Amstel Gold Race, não conseguindo resultados relevantes em quase provas em que participou um número mais elevado de equipas do World Tour.
Não percebo o porquê da Katusha, uma equipa com cerca de 30 milhões para transferências, faz estas apostas de elevado risco quando pode contratar outros ciclistas que dão muito maiores garantias. O facto de ciclistas como Egor Silin ou Alexey Tsatevich serem mandados embora não ajuda a compreender esta política de transferências tão estranha. Provavelmente o Lammertink já tinha uma espécie de pré-acordo com a Katusha e quando o seu contrato pela Roompot chegasse ao fim este tinha logo lugar garantido na equipa russa que será suíça no próximo ano.
Enfim, desejo mais uma vez boa sorte a este ciclista holandês e que repita os feitos de 2015 ou faça muito melhor.
2ª - Riccardo Minali - Team Colpack > Astana Pro TeamÉ sem dúvida a grande surpresa do mercado de transferências ver este jovem ciclista italiano se transferir diretamente para uma equipa como a Astana sem passar pelo escalão profissional continental. Apresentando a Itália nomes de maior qualidade em sub 23 (Simone Consonni, Vincenzo Albanese, Filippo Ganna, Edward Ravasi…), não percebo a aposta da Astana neste desconhecido.
Conseguiu 3 vitórias enquanto sub 23, todas elas em clássicas italianas de importância mínima a nível internacional, batendo numa delas Simone Consonni. Este ano, apenas conseguiu dois pódios em clássicas italianas do mesmo género das que vencera, tendo participado no Tour de San Luis em representação da seleção italiana.
Boa sorte também para Riccardo Minali. Temos que ter atenção que esta Team Colpack é também a equipa atual de Simone Consonni e formou uma grande quantidade de jovens que conseguiram já excelentes resultados a nível World Tour como Giulio Ciccone, Davide Martinelli, Davide Vilella e Edoardo Zardini.
1ª - Chun Kai Feng - Lampre-Merida > Bahrain-MeridaUma transferência que provocou o riso a alguns certamente. Como conseguiu um ciclista taiwanês que nunca completou uma prova World Tour ingressar num projeto de 18 milhões de dólares? Mas como grande parte das transferências de ciclistas asiáticos para o World Tour, esta pergunta tem uma resposta bastante lógica.
Tudo começou quando o senhor vice-diretor da empresa Merida, William Jeng, decidiu apostar no mercado asiático, mais concretamente em Taiwan porque descobriu que o ciclismo é um desporto de grande popularidade nesta ilha e que Chun Kai era uma celebridade local. Foi um golpe de génio transferir uma celebridade ao nível do ciclismo de Taiwan para uma equipa World Tour, pagando certamente um preço muito reduzido por ele e fazendo atualmente milhares de dólares em vendas.
A verdadeira aposta em Chun Kai parte de Brent Copeland. O atual manager da Lampre-Merida e futuro manager da Bahrain-Merida acredita que Chun Kai é o melhor ciclista taiwanês de sempre, quer de estrada quer de pista (sem qualquer dúvida), descrevendo-o como alguém muito dedicado, que luta arduamente todos os dias por melhorar. Além disso Copeland defende uma internacionalização da sua equipa, acreditando também que Chun Kai irá finalmente conseguir “dar o salto” na próxima época. O grande problema é que o manager esloveno já vem com esta conversa desde que a Lampre-Merida contratou o Chun Kai.
Será que Chun Kai não está preparado para competir no World Tour? Será que a sua adaptação à Europa simplesmente falhou? O que é certo é que imprevistos acontecem e por isso desejo boa sorte ao Chun Kai Feng neste novo projeto e que melhore bastante para realizar o seu sonho de participar numa prova de três semanas. É uma pena vermos este ciclista a usar um equipamento de campeão nacional com as cores da bandeira de Taipé Chinês, o nome que a China deseja que seja reconhecido internacionalmente para este país, convencendo já diversas entidades desportivas como o Comité Olímpico Intenacional. Mas melhore ou não a sua qualidade, use que equipamento usar, será um sucesso ainda maior que Cheng Ji quando a história deste ciclista taiwanês chegar aos ouvidos de Olivier Bonamici.
Espero que tenham gostado. Como de costume, se não concordaram com alguma coisa usem os comentários e tentarei voltar daqui a duas semanas para mais uma edição do TheSharkAttack.