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Triplos, muitos triplos, «afundanços» e dribles inimagináveis, como se a bola fosse uma mera extensão do corpo, fizeram a delícia dos alunos da Escola EB 2.3 de Matosinhos ao longo de duas horas de fascínio e pura diversão, que não dispensou um número incalculável de autógrafos e uma quantidade industrial de fotografias em que profissionais e aspirantes se recusaram a conceder um segundo de desconto de tempo ao tabaco.
A chegada dos Dragões coincidiu, em rigor, com o toque de entrada. No pavilhão, onde responderam colectivamente à chamada, os «gigantes» serviram o espectáculo sem preâmbulos ou aquecimento. Em poucos instantes, depois de «semeados» os cones, que substituiriam marcações e adversários, a bola já rodopiava demoradamente no indicador direito de Augusto Sobrinho ou transpunha o aro na fase final de um longo lançamento de Nuno Marçal, perante a estupefacção de uma vasta plateia e dos mais pequenos parceiros de jogo, ansiosos por imitar as mais arriscadas habilidades dos ídolos.
Da magia do drible, tantas vezes recriado por Sobrinho, à perícia do lançamento ou à técnica de penetração para o cesto, não sobrou segredo que os mestres não partilhassem com os perplexos aprendizes. Pedro, que tem a avó em França e envergava a camisola do Marselha por mera casualidade, confessava uma aproximação crescente aos Dragões, mesmo com os calções do Leixões a denunciarem a filiação clubística. «Agora ainda simpatizo mais com o F.C. Porto», disse. «E até já lanço melhor».
A «Semana Desportiva do Não Fumador», iniciativa do núcleo de professores de Educação Física da EB 2.3 de Matosinhos, estava no seu melhor quando uma formação espontânea do F.C. Porto Ferpinta se atravessou no caminho de quatro grupos de alunos destemidos, que, cada um na sua vez, desafiariam os colossos de azul e branco. Houve «afundanços» sem levantar os pés do chão, num dos cestos, e ao colo de Toree Morris, no outro. «É este tipo de eventos que faz as coisas acontecer», disse, pouco depois, o poste norte-americano, enquanto ocupava lugar ao lado (e muitos centímetros acima) do fã que quis congelar o momento. «Uma foto, um sorriso… É fantástico. E eles têm potencial».
Alberto Babo assistia, especialmente divertido com as habilidades de Augusto Sobrinho, que fazia a bola desaparecer sob a própria camisola a meio do drible, revelando-a no gesto seguinte, depois de um segundo de dúvida e estupefacção. «Temos obrigações morais e sociais que nos dão um gozo muito especial», observou o treinador. «Não nos ficamos pelas intenções». Exemplo acabado do propósito portista, Sobrinho persistia, encantando, simulando o passe num movimento que, afinal, fazia a bola percorrer toda a extensão dos membros superiores, passando, alternadamente, pelo peito e pelas costas, de uma mão para a outra.
«Adoro a envolvência destas acções», admitiu o base, resgatado por breves instantes a múltiplas solicitações de autógrafos e fotografias. «Sinto-me particularmente liberto. Basta-me tocar na bola e estou feliz. Mais ainda ao verificar as expressões de contentamento que nos rodeiam». E com a inegável vantagem de promover a modalidade, que foi também razão e pretexto da permanência do plantel portista muito para além do toque de tolerância. A intransigência só foi declarada ao tabaco.
Tirei isto do site do Porto. Já não é a primeira vez que esta equipa realiza este tipo de acções, mas de qualquer maneira acho que merecem o destaque... =D>