xanuh Escreveu:
KopSimoniFan Escreveu:
A questão dos juízes na Polónia foi jogada para enviar para casa uma maioria que provinha do sistema comunista. Não concordo, e a população em geral idem. Mas sabe-se também que em todos os países há pressões do ministério da Justiça em juízes, nomeações, etc (Portugal p. ex., Carlos Alexandre?). Se calhar aqui não souberam fazer a coisa pela calada (além da idade da reforma).
E isso da UE meter o bedelho em Hungrias, Polónias, etc... Já se sabe que a "Europa de 1ª" quer ainda segurar a "Europa de 2ª" em muita coisa. Vê-se casos bem mais graves a acontecer em Espanha, por exemplo a crise da Catalunha, e a UE nada diz. Rotular a Hungria e a Polónia como extrema-direita parece-me exagerado, mas se isto é extrema-direita não a tirem daqui, as condições de vida continuam a melhorar e, apesar de ser contra o partido no poder (estão a começar a esbanjar no social), tenho de admitir que vi o país dar um bom pulo nos últimos 5 anos. E se acham que existe xenofobia, anti-imigração, etc, as taxas de imigração devem estar a crescer (Polónia, Hungria, Checa, etc). Mas claro, como não são pretos ou muçulmanos não contam para a "UE de 1ª".
Parece te exagerado? Então que mais provas precisas? Tens todas essas questões de ingerência política na justiça (bem mais grave e profunda do que os escândalos pontuais que acontecem em todos os países); tens manifestações e marchas assumidamente neo nazis que são permitidas sem qualquer problema; tens um presidente de câmara de Gdansk assassinado por motivos claramente políticos pelo facto de ser contra o governo; tens um governo que faz uma lei para proibir que se fale em campos de concentração polacos e que corta os apoios aos museus do holocausto. Se te sentes bem com isto e te parece o funcionamento normal de uma democracia não extremista então não te posso dizer mais nada. Mas se isso não é extrema direita, então também só podes classificar o PCP cá como extrema esquerda se tivessem a pensar construir gulags ou assim, o que não me parece o caso.
Sobre o crescimento nos últimos 5 anos, acho que foi geral em todos os países da UE, sendo que obviamente os que estavam mais atrasados cresceram mais. No entanto foi também muito sustentado por grandes apoios da própria UE (que eles tanto criticam) nas grandes obras estruturais que tornam hoje a Polónia um país bem mais desenvolvido que há 10 anos atrás, que nunca teria sido possível sem a sua entrada na UE.
@Cândido, eu não acho o Chega de extrema direita, acho apenas populista de direita. Ao contrário do Vox, descendentes directos do franquismo e que não tenho dúvidas que chegando ao poder seriam bastante perigosos e extremistas.
Xanuh, por partes:
Justiça já disse que não concordo, mas acho que estás a exagerar nas tuas palavras. Como te disse a reforma era mais para enviar para casa alguns dinossauros que vinham do comunismo. Acho os últimos casos em Portugal bem mais graves (e mais frequentes), por exemplo.
Marchas assumidamente neo-nazis: estás a falar do passado dia 11/11 creio. Esses grupos que as organizam, organizam as suas marchas para os centros das cidades (onde já existem outras marchas pacíficas e onde uma pessoa normal acabar por ir, naturalmente). O que acontece é que vês 100 mil pessoas normais e 200 grunhos, por todos estarem a partilhar o mesmo espaço. Se quiseres posso-te enviar fotos de amigos meus pretos lá no meio, ao lado da típica família polaca, sem qualquer problema.
Eu não sei se o presidente foi claramente assassinado por motivos políticos. A própria imprensa contra-governo noticiou além disso. A pessoa em causa era um marginal com diversos problemas psicológicos. Usar claramente neste caso parece-me muito forte, porque o homem queria "vingar" o facto de ter sido preso. Não pela agenda política em si.
Proibir e combater a terminologia "campos de concentração polacos" estou 100% de acordo. Como é que os campos podem ser polacos se a Polónia estava anexada e não existia? "Campos de concentração nazis e/ou alemães", nunca "polacos". E porque tem a Polónia de compensar e apoiar, se a própria foi vítima em pessoas e infra-estruturas? É que a Alemanha destruiu, e a URSS anexou o país durante 40 anos. E nunca foi compensada por isto, por ex. Se alguém tem de compensar e apoiar acho que não é a Polónia, que não cometeu esses crimes e esses cidadões eram também polacos.
Se me sinto bem com isto? Já disse que algumas coisas não, e sou inclusivé contra o partido no Governo. Ganham votos de forma populista, via igreja também, e no social. Agora a forma como se relatam algumas acho que por vezes está um pouco exagerada. Esses pontos acima, para mim, não são muito importantes para o meu bem-estar, para ti podem ser, daí a nossa forma diferente de ver as coisas.
Quando falo em crescimento falo na melhoria das condições de vida e das cidades. É incrível ver salários duplicar, cidades a moderrnizar, infraestrutura a crescer, etc a este ritmo. Posso-te dizer que o meu primeiro salário e atual, em 4 anos, o aumento foi de 270%. Talvez algo como tenha acontecido em Portugal nos anos 80? E tenho amigos, namorada, familiares dela, etc que todos passaram pelo mesmo. Claro que tenho de defender um país quando olho à volta e vejo que todos se sentem bem, pró ou contra governo. Mas aqui acho que o dinheiro está a ser melhor aplicado do que em autoestradas. E o povo não é contra a UE.
Mas eu gosto que continuem a pintar isto mal, xenófobo, racista, sub-desenvolvido, etc, aliás, nem costumo fazer este papel de enaltecer a Polónia. Prefiro que continue a ser +- segredo porque no dia em que começar a ser inundada de imigração (já está, e muita do sul da europa inclusivé) a minha condição vai piorar.
Sobre a justiça, eu sei que já tinhas dito que não estavas de acordo, mas não deixa de ser uma ingerência bastante grave da política sobre a justiça, algo próprio de uma política de extrema.
Sobre as manifestações, não sei se são 200 grunhos em cem mil, sei que são manifestações e marchas que requerem autorização e ás quais essa autorização é concedida, algo impensável há 15 ou 20 anos atrás e que os próprios polacos se deviam envergonhar, pois foram dos que mais sofreram com os nazis.
Sobre os campos de concentração, óbvio que toda a gente sabe que eles foram obra dos nazis em território polaco, e não propriamente campos criados pelos polacos. Mas essa lei é só mais um sinal no sentido de caminhar para o esquecimento de algo que incomoda essa mesma extrema direita. Sobre o financiamento, acho que não deveria haver ninguém mais interessado que os polacos em preservar e fomentar as visitas a esses museus e memoriais, para não voltarem a sofrer na pele o que se passou, mas mais uma vez esse desinvestimento só prova que o governo é de extrema direita e que aquilo é algo que os incomoda, logo, mais vale tentar esconder / esquecer. Acho que não há prova maior que esta de que estamos perante um governo de extrema direita, e como falaste e bem, fortemente apoiado por uma igreja católica que tem uma influência e implantação brutal na população polaca, inclusive nos jovens, como não vi em mais nenhum país europeu até hoje.
O crescimento na Polónia não é invulgar, e também disseste e bem que foi algo parecido ao nosso nos anos 80 e ao de muitos outros países nos anos 90 e 00. Agora não vejo onde é que a imigração possa ser um impedimento ou um problema para esse crescimento, até porque gostava de ver provas de alguma vez ter sido sequer um factor de impedimento de crescimento de qualquer país do Mundo. Aí já estás a falar mais com ideias pre feitas do que propriamente factos. E ainda sobre o tema, é bom que os polacos não se esqueçam que já foram um dos países com maior percentagem de população migrante (a Alemanha e o Reino Unido têm milhares de migrantes polacos). Gostava de ver se tivessem sido todos obrigados a ficar na Polónia como estariam agora, mas isso é outra conversa.
Por fim, eu sei que o povo no geral não está contra a UE, mas apoiando esse governo, indirectamente acabam por estar. E aqui está um dos principais problemas que eu detecto nas sociedades e que infelizmente é transversal a todo o Mundo. Se as pessoas tiverem trabalho e dinheiro, não se importam com o resto, não se importam de viver numa ditadura nem que lhes tirem algumas liberdades. Eu não poderei nunca concordar ou pactuar com isso, por isso nunca serei capaz de apoiar um governo como o Polaco, por muita prosperidade que consiga trazer ao país.