Registado: 30 Jul 2010, 21:50 Mensagens: 11917 Localização: Entronca city
Kim Jong-Carvalho Escreveu:
jORGE. Escreveu:
Eu chego à conclusão que se odeia o álbum quem nunca fez um esforço para o ouvir as vezes necessárias para entender a sua genialidade, mas isto sou eu. Obra de arte.
Obra de arte não é de certeza. Não vou dizer que seja bom ou mau, para mim é apenas e só um álbum que não tenho interesse em ouvir muitas vezes, mas por muito bom que possa ser (que não é), obra de arte é um exagero tremendo, para não dizer outra coisa.
É um exagero porquê? Pode ser para mim e para ti uma autêntica bosta. Se eu achar que o álbum está ao nível dos melhores dos AM, estou no meu direito de lhe chamar arte, tal como tu estás no teu de discordar, desde que não aches que a tua opinião é mais válida que a minha.
Eu só acho que não sabes o que significa algo ser uma obra de arte, nada mais. Ou melhor dizendo, temos ideias e concepções muito diferentes do que constitui uma obra de arte.
Não entendo a ausência do álbum dos Arctic Monkeys das vossas listas, sinceramente. É o melhor álbum que ouvi deles, por todas as métricas que regem a avaliação que eu faço, e, consequentemente, um dos melhores álbuns do ano imo.
Eu gostei, mas achei-o um pouco igual e fiquei com pouca vontade de o ouvir mais que uma vez.
Registado: 30 Mar 2009, 08:38 Mensagens: 17957 Localização: Rio Tinto, Gondomar
Critiquei o álbum dos AM aí no tópico logo quando o ouvi a primeira vez porque foi a primeira audição e o achei meio boring ao ouvir no trabalho. Ouvindo o álbum mais a fundo depois, achei-o muito bom apesar de não o pôr num top5 ou top10 deste ano.
De resto, o meu álbum do ano é um CD que gravei cá em casa com a "Sendo Assim" a passar durante 1 hora em loop.
Registado: 30 Jul 2010, 21:50 Mensagens: 11917 Localização: Entronca city
Kim Jong-Carvalho Escreveu:
Eu só acho que não sabes o que significa algo ser uma obra de arte, nada mais. Ou melhor dizendo, temos ideias e concepções muito diferentes do que constitui uma obra de arte.
Felizmente a sociedade não se rege toda pelos mesmos padrões e ideais.
Registado: 15 Set 2015, 20:55 Mensagens: 2915 Localização: Ponte de Lima
Depois quando tiver mais tempo deixo aí o que gostei mais, maioritariamente rap. Já reparei que mencionaram o álbum do Denzel, entre outros. Btw, o álbum do Papillon é muito bom, mas não é o melhor álbum de rap tuga do ano.
Ouvi menos do que desejava este ano, mas para mim e em lista solta, aqui está o que mais gostei:
Against All Logic - 2012 - 2017 Travis Scott - ASTROWORLD Mitski - Be the Cowboy Soccer Mommy - Clean Pusha T - DAYTONA Rejjie Snow - Dear Annie Papillon - Deepak Looper JID - DiCaprio 2 Tom Misch - Geography Father John Misty - God's Favorite Customer Brockhampton - Iridescence Kali Uchis - Isolation IDLES - Joy as an Act of Resistance Jorja Smith - Lost & Found The Weeknd - My Dear Melancholy David Bruno - O Ultimo Tango em Mafamude Anderson .Paak - Oxnard Nomame - Room 25 serpentwithfeet - soil Mac Miller - Swimming Denzel Curry - TA13OO JPEGMAFIA - Veteran
Ainda me falta ouvir alguns que tenho hype como o da Rosalía, o das boygenius, o do Joji, o do Vince Staples e o do Earl Sweatshirt.
Depois quando tiver mais tempo deixo aí o que gostei mais, maioritariamente rap. Já reparei que mencionaram o álbum do Denzel, entre outros. Btw, o álbum do Papillon é muito bom, mas não é o melhor álbum de rap tuga do ano.
Registado: 15 Set 2015, 20:55 Mensagens: 2915 Localização: Ponte de Lima
Kronos Escreveu:
AfonsoL19 Escreveu:
Depois quando tiver mais tempo deixo aí o que gostei mais, maioritariamente rap. Já reparei que mencionaram o álbum do Denzel, entre outros. Btw, o álbum do Papillon é muito bom, mas não é o melhor álbum de rap tuga do ano.
Então? Corona? Nerve?
Colónia Calúnia - [caixa], com o Lista de Reprodução também deles uns furos abaixo.
Ah! Boa escolha. Confesso que com álbuns desse género tenho mais dificuldades (falta, sobretudo, tempo para analisar o que é dito). Mas gostei muito do som com o Nerve quando ouvi.
Dito isto, esqueci-me do Mulberry Violence do Trevor Powers, com o que deve ser uma das minhas músicas preferidas deste ano.
Eu só acho que não sabes o que significa algo ser uma obra de arte, nada mais. Ou melhor dizendo, temos ideias e concepções muito diferentes do que constitui uma obra de arte.
Felizmente a sociedade não se rege toda pelos mesmos padrões e ideais.
Certo, também não estava a falar no sentido de te ofender, sorry.
Registado: 24 Jun 2008, 16:41 Mensagens: 13343 Localização: Gondomar State of Mind
Kim Jong-Carvalho Escreveu:
Eu só acho que não sabes o que significa algo ser uma obra de arte, nada mais. Ou melhor dizendo, temos ideias e concepções muito diferentes do que constitui uma obra de arte.
Só que isso não é bem assim, não é?
Em "A Arte do Cinema: Uma Introdução", David Bordwell e Kristin Thompson utilizam como critérios para avaliação de um filme: o realismo; a moral; a coerência; a intensidade do efeito; a complexidade; e a originalidade. Os 3 primeiros critérios não são passíveis de fazer um paralelismo com a música, mas os 3 últimos sim, claro. Se substituirmos os primeiros por liricismo e instrumental, já ficamos com 5 critérios bastante aceitáveis e completos para avaliar um álbum. Uns valem mais do que outros e aí entra a subjectividade de cada um. Escondida num álbum, a faixa "This is America", de Childish Gambino seria uma faixa normal, mas lançada (e com o vídeo) tornou-se num hit, graças à sua originalidade e à sua intensidade do efeito que causou, graças à toda a 'gun violance' que existe nos states. É, muito possivelmente, a faixa do ano e não pela qualidade do instrumental.
Aceitando estes critérios, torna-se muito mais fácil avaliar um álbum. O dos Arctic Monkeys tem indubitavelmente uma qualidade instrumental acima da média, não tem intensidade do efeito para as massas (porque não fala do tempo em que eram adolescentes, logo não empatiza com a malta dessa faixa etária nem com a nostalgia de pessoas mais velhas; nem se baseia (somente) em mulheres e relações e desgostos amorosos e blablabla, que são coisas transversais). Complexidade tem-na, claro, as sobreposições sonoras existem e têm qualidade, há uma sequência bem encadeada entre as diversas faixas e é um álbum conceptual o que também lhe oferece uma originalidade que não existiu nos seus antigos trabalhos, imo. Em relação às letras, tendo em conta que o espaço é um resort na lua, parecem-me fantásticas, sinceramente. Ouvi alguns álbuns dessas listas e se alguém me disser que o Pusha T ou o Travis Scott, p.e., criaram um álbum liricamente melhor que o dos Arctic Monkeys está simplesmente a mentir.
Agora, evidentemente que uns preferem ouvir X e outros Y e ainda bem que assim é. Já me dei por mim a cantar "Àaaaas 4 da manhãaaaaa" bastantes vezes, mas não reconheço qualidade nenhuma pelos motivos supracitados. Fica aqui o meu raciocínio, e o meu desagrado por ver que boa parte dos melhores álbuns para malta são os mesmos que os dos críticos.
Ficam aqui também duas músicas, deste ano, para quem quiser ouvir:
Registado: 17 Jun 2010, 15:45 Mensagens: 19418 Localização: Queluz City.
untal Escreveu:
Kim Jong-Carvalho Escreveu:
Eu só acho que não sabes o que significa algo ser uma obra de arte, nada mais. Ou melhor dizendo, temos ideias e concepções muito diferentes do que constitui uma obra de arte.
Só que isso não é bem assim, não é?
Aceitando estes critérios, torna-se muito mais fácil avaliar um álbum. O dos Arctic Monkeys tem indubitavelmente uma qualidade instrumental acima da média, não tem intensidade do efeito para as massas (porque não fala do tempo em que eram adolescentes, logo não empatiza com a malta dessa faixa etária nem com a nostalgia de pessoas mais velhas; nem se baseia (somente) em mulheres e relações e desgostos amorosos e blablabla, que são coisas transversais). Complexidade tem-na, claro, as sobreposições sonoras existem e têm qualidade, há uma sequência bem encadeada entre as diversas faixas e é um álbum conceptual o que também lhe oferece uma originalidade que não existiu nos seus antigos trabalhos, imo. Em relação às letras, tendo em conta que o espaço é um resort na lua, parecem-me fantásticas, sinceramente. Ouvi alguns álbuns dessas listas e se alguém me disser que o Pusha T ou o Travis Scott, p.e., criaram um álbum liricamente melhor que o dos Arctic Monkeys está simplesmente a mentir.
Tenho de dar mérito aos Monkeys porque finalmente tentaram arriscar algo diferente e nisso fizeram-no através da criação de um espaço. Conceito interessante, não tenho qualquer duvida. O instrumental passa muito bem a imagem que eles procuraram ao longo do álbum.
No entanto parece que um dos problemas do álbum é que todas as faixas acabam por soar muito ao mesmo exatamente por terem de se manter fieis ao conceito que eles tentaram criar, e é aqui que tento chegar quando digo que embora o conceito do álbum em teoria seja interessante, na prática a execução do mesmo não foi assim tão interessante quanto isso.
As letras do álbum acabam por ficar reféns do conceito do mesmo. Em todas as faixas tem de ser criada uma narrativa original que complete o conceito do álbum. É óbvio que isto vai ser uma tarefa muito mais complicada que simplesmente escrever sobre uma trivialidade. Mas, aqui novamente, parece-me que com a tentativa de criar algo para obedecer à imagem do álbum, cai-se com alguma regularidade em passagens nas letras que não consigo deixar de achar que são corny. Nem sequer estou a meter em causa se estas mesmas passagens fazem ou deixam de fazer sentido dentro daquilo que é o universo que o álbum está a descrever, tho, mas como disse da primeira vez que falei aqui sobre o álbum, o conceito não pode nem deve justificar a qualidade de um álbum.
Citar:
não tem intensidade do efeito para as massas (porque não fala do tempo em que eram adolescentes, logo não empatiza com a malta dessa faixa etária nem com a nostalgia de pessoas mais velhas; nem se baseia (somente) em mulheres e relações e desgostos amorosos e blablabla, que são coisas transversais).
Os AM são uma banda demasiado bem consolidada no mundo da música para dependerem do efeito para as massas na avaliação das suas músicas. É uma banda que está à demasiado tempo no ativo e com uma base muito grande de aceitação para se resumir algumas das cotações negativas como sendo atribuidas à falta de empatia que o conceito do álbum causa. Há albuns com uma complexidade muito maior a sairem todos os anos e com aceitação muito melhor da parte dos ouvintes, sejam eles criticos ou não.