Um texto feito para a revista da minha escola, um bocado contrariado e à pressão, mas não acho que esteja mau de todo.
"Hoje em dia é bastante discutido em sala de aula a temática da aproximação de patamares de aluno e professor, quanto ao direito de opinião e intervenção em questões relacionadas com a escola, turma, ou até mesmo com a própria aula.
Este ano já foi várias vezes debatida a legitimidade de um aluno, por exemplo, ter direito à palavra, e a justificar-se perante um professor. Já nos aconteceu a todos ter um professor que entra em discussão com um estudante e que, apesar de estar errado, impõe a sua opinião levando-a avante com recurso à sua posição hierárquica. Há quem defenda que o professor terá sempre a última palavra, e mesmo estando errado, está um degrau acima dos educandos, por outro lado, é dito que ambos, durante uma troca de opiniões, devem pôr de parte qualquer tipo de diferenciações hierárquicas, e agir como duas pessoas em discussão pacífica.
Na minha opinião um professor será sempre um professor, e um aluno será sempre um aluno, apenas em contexto de sala de aula. O aluno não deverá sentir-se intimidado pelo estatuto inferior, mas deverá conhecer e respeitar a sua posição. O educador por sua vez deve manter a cabeça fria e evitar ao máximo ter que recorrer ao seu patamar, procurando sempre demover o aluno, evitando dissabores que ficarão guardados na memória do grupo.
Assim, procuro posicionar-me num meio-termo. Acredito que deva haver uma aproximação de direitos entre professor e aluno, aproximação esta que muitos tentam evitar, mas deve ser sempre respeitada a posição de cada um, principalmente por parte do mais novo. Os professores erram, os alunos erram, e ambos têm direito de se corrigirem, ainda que com cuidado, pois muitas vezes um reparo em frente a uma turma pode transformar-se numa acusação, e acabar com uma das partes ofendida, logo, se o tema não for passível de discutir em frente ao grupo, deve ser mais tarde abordado, fora da aula por exemplo, mas para isso é preciso que o aluno tenha o “à vontade” suficiente e o professor tenha a abertura necessária. Falando por experiência própria, nunca se perde nada em falar depois de uma aula, quando a cabeça de ambos está mais fria, e muitas vezes promove um melhor entrosamento entre os intervenientes. É claro que é preciso uma auto-confiança bem trabalhada para enfrentar uma troca de palavras numa sala de aula sem guardar ressentimentos, quando esta é mais acesa, mas o essencial numa discussão é saber separar as águas e manter a equidade.
Em jeito de conclusão, deixo uma recomendação, aos da minha idade, que respeitem e se lembrem sempre de quem tem a posição mais elevada na sala, mas que não deixem de dizer o que acham correto, desde que bem argumentado. E professores, não se cansem de ouvir sempre a mesma conversa todos os anos de alunos diferentes, todos passam pela adolescência e todos têm convicções parecidas é sempre preferível acabar saudavelmente uma conversa que deixar pontas soltas."