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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 14:58 
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Tanto há direito à greve que houve oportunidade de a greve se desenrolar.

Agora o trabalho do governo e é para isso mesmo que eles lá estão e gerir o país e assegurar-se que são tomadas as melhores medidas económica e socialmente. Num contexto de greve sem fim anunciado, em período de férias e com o afluxo de emigrantes/turistas que é típico de Agosto (e sendo o turismo cada vez mais um dos principais impulsionadores da nossa economia) é normal que o governo tenha tomado medidas que limitem os efeitos da greve e que façam com que o cidadão comum não seja afetado pela mesma e que os serviços essenciais do país funcionem na maior normalidade possível.

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:02 
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MarcoAZB Escreveu:
xanuh Escreveu:
Acho que é obvio que 500 ou 800 gajos não podem nem devem parar um país de 10M (que neste mês tem na boa uns 12 ou 13M) para conseguirem alcançar os seus objectivos.


Embora concordando...de que outra forma é que conseguiriam alcançar esses objectivos?


Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?

A única cena que eu critico é não quererem cumprir esses serviços minimos por serem mais elevados que o normal e com isso bloquearem completamente o país.

Acho que quando é uma classe de 1 ou 2M de pessoas a reivindicar algo (como os funcionários publicos por exemplo) podem e é legitimo que parem o país por alguns dias. 800 gajos não podem parar um país por tempo indeterminado. Acho que toda a gente percebe isto.


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:07 
CAMPEÓN, ALBERTO CAMPEÓN.
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Antes que se critiquem as leis, convém saber que Portugal até é dos países que protege mais os direitos dos trabalhadores com uma legislação fortemente inspirada no 25 de Abril.

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:21 
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xanuh Escreveu:
MarcoAZB Escreveu:
xanuh Escreveu:
Acho que é obvio que 500 ou 800 gajos não podem nem devem parar um país de 10M (que neste mês tem na boa uns 12 ou 13M) para conseguirem alcançar os seus objectivos.


Embora concordando...de que outra forma é que conseguiriam alcançar esses objectivos?


Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?

A única cena que eu critico é não quererem cumprir esses serviços minimos por serem mais elevados que o normal e com isso bloquearem completamente o país.

Acho que quando é uma classe de 1 ou 2M de pessoas a reivindicar algo (como os funcionários publicos por exemplo) podem e é legitimo que parem o país por alguns dias. 800 gajos não podem parar um país por tempo indeterminado. Acho que toda a gente percebe isto.


Concordo, mas isso quer dizer unicamente que os serviços mínimos definidos são menos do que os serviços mínimos realmente necessários. Ou seja, que o mínimo tem de ser ajustado.
Eu sou um bocado suspeito em relação a esta matéria, diga-se. Esta greve tem uma série de contornos políticos que vão além da simples reinvindicação dos trabalhadores. Quer eles próprios percebam ou não...daí que não queira entrar muito por aí.

O meu pai é camionista (embora não de matérias perigosas), e estamos a falar de uma classe que faz constantemente mais horas que o definido na lei por entre portas e travessas (por exigência dos patrões que tentam dar undercut uns aos outros), que recebe mais de metade do salário em ajudas de custo para os patrões não descontarem tanto, etc. Acredito que todos eles não se importassem de ter todo o salário declarado e pagar impostos sobre isso a partir do momento em que não sofressem no salário líquido (até porque mais descontos = mais reforma). Há que passar uma série de certificações caríssimas de tempos a tempos, etc, e no entanto a classe no geral tem praticamente os salários estagnados de há 20 anos a esta parte.

Se a forma de resolver isso é parar o país, que seja. É o único poder negocial que eles têm e infelizmente em Portugal só assim é que as coisas se resolvem, porque enquanto deixares andar ninguém vai querer saber dos teus interesses.

Os das matérias perigosas são um número mais limitado e que quando param fazem mossa rapidamente, mas não há-de faltar muito tempo a que isto se alastre a todos os outros. E aí não vai ser só o gasóleo, vai ser tudo a correr às prateleiras como o que aconteceu há uns anos atrás.



CandidoBarbosaPT Escreveu:
Antes que se critiquem as leis, convém saber que Portugal até é dos países que protege mais os direitos dos trabalhadores com uma legislação fortemente inspirada no 25 de Abril.


Por comparação a que país? Estados Unidos? Sem dúvida. Qualquer país europeu? Bullshit.

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:41 
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Kim Jong-Carvalho Escreveu:
E quem não tem transportes públicos minimamente acessíveis para a zona onde trabalha/reside? Isto é tudo muito bonito, mas se eu deixar de vir trabalhar e culpar a greve, sou despedido na mesma. Tem de haver sempre serviços mínimos, até porque pela tua lógica, se houver greve no hospital, os pacientes vão todos morrer e a culpa vai morrer solteira.


És tu e eu camarada. Esta semana vou ter que fazer 1000kms. Mas isto não é sobre mim, nem sobre ti, nem sobre os restantes automobilistas do país. Estou-me marimbando para não ter gasolina e não ir trabalhar de carro ou não ir de férias. Ouvir o gajo do sindicato dizer que "se prendem 11 porque se recusam a trabalhar têm que prender 800" faz muito mais por mim.


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:43 
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xanuh Escreveu:
Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?


Claro que faz efeito, é uma greve! Xanuh, vá lá. Achas mesmo que estipular serviços mínimos em 50% não é exagerar os "serviços mínimos"?

Doublepoel Escreveu:
Agora o trabalho do governo e é para isso mesmo que eles lá estão e gerir o país e assegurar-se que são tomadas as melhores medidas económica e socialmente. Num contexto de greve sem fim anunciado, em período de férias e com o afluxo de emigrantes/turistas que é típico de Agosto (e sendo o turismo cada vez mais um dos principais impulsionadores da nossa economia) é normal que o governo tenha tomado medidas que limitem os efeitos da greve e que façam com que o cidadão comum não seja afetado pela mesma e que os serviços essenciais do país funcionem na maior normalidade possível.


Quanto ao timing, a greve está marcada há meses. O governo está a fazer o seu papel agora porque foi negligente este tempo todo.


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 15:56 
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Greves como esta são as melhores para conseguir negociar com os patrões, nada como deixar parte do País em dificuldades para estes últimos se sentirem apertados. E pelo que vejo, os camionistas em geral até têm algumas razões para o fazer, embora não conheça quais os argumentos contra.


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:02 
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Essa é outra parte muito boa. Os argumentos contra são os custos. Porque para quem paga é melhor usar ajudas de custo e evitar descontos. Em consultoria quase todas as empresas da tanga fazem isso e isto pode muito bem levantar um debate na sociedade porque, se inicialmente isto era uma boa forma de levar um extra ao fim do mês, hoje em dia é pratica usual e é usado corriqueiramente. É fuga aos impostos, o que penaliza o estado que acaba por receber menos. E o estado somos nós, que não hesitamos em condenar os camionistas. O mundo tem os seus encantos


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:06 
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MarcoAZB Escreveu:
xanuh Escreveu:
MarcoAZB Escreveu:

Embora concordando...de que outra forma é que conseguiriam alcançar esses objectivos?


Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?

A única cena que eu critico é não quererem cumprir esses serviços minimos por serem mais elevados que o normal e com isso bloquearem completamente o país.

Acho que quando é uma classe de 1 ou 2M de pessoas a reivindicar algo (como os funcionários publicos por exemplo) podem e é legitimo que parem o país por alguns dias. 800 gajos não podem parar um país por tempo indeterminado. Acho que toda a gente percebe isto.


Concordo, mas isso quer dizer unicamente que os serviços mínimos definidos são menos do que os serviços mínimos realmente necessários. Ou seja, que o mínimo tem de ser ajustado.
Eu sou um bocado suspeito em relação a esta matéria, diga-se. Esta greve tem uma série de contornos políticos que vão além da simples reinvindicação dos trabalhadores. Quer eles próprios percebam ou não...daí que não queira entrar muito por aí.

O meu pai é camionista (embora não de matérias perigosas), e estamos a falar de uma classe que faz constantemente mais horas que o definido na lei por entre portas e travessas (por exigência dos patrões que tentam dar undercut uns aos outros), que recebe mais de metade do salário em ajudas de custo para os patrões não descontarem tanto, etc. Acredito que todos eles não se importassem de ter todo o salário declarado e pagar impostos sobre isso a partir do momento em que não sofressem no salário líquido (até porque mais descontos = mais reforma). Há que passar uma série de certificações caríssimas de tempos a tempos, etc, e no entanto a classe no geral tem praticamente os salários estagnados de há 20 anos a esta parte.

Se a forma de resolver isso é parar o país, que seja. É o único poder negocial que eles têm e infelizmente em Portugal só assim é que as coisas se resolvem, porque enquanto deixares andar ninguém vai querer saber dos teus interesses.

Os das matérias perigosas são um número mais limitado e que quando param fazem mossa rapidamente, mas não há-de faltar muito tempo a que isto se alastre a todos os outros. E aí não vai ser só o gasóleo, vai ser tudo a correr às prateleiras como o que aconteceu há uns anos atrás.



CandidoBarbosaPT Escreveu:
Antes que se critiquem as leis, convém saber que Portugal até é dos países que protege mais os direitos dos trabalhadores com uma legislação fortemente inspirada no 25 de Abril.


Por comparação a que país? Estados Unidos? Sem dúvida. Qualquer país europeu? Bullshit.


Dediquei-me mais a ler sobre este tema nos últimos dias e dá a impressão de que realmente existem ali várias guerrinhas cruzadas que pouco têm a ver com as exigências. Ninguém sabe muito bem o que dá mais votos neste momento e daí estarem todos a fingir-se de mortos, excepto o PS que por ser governo tomou uma posição clara e achando que vai ganhar votos com isto adoptou um discurso quase bélico.

Neste país ganha-se mal e não existe solideriedade nenhuma entre sectores. Hoje ouvi um dos responsáveis do sindicato dos camionistas no norte dizer que eles pedem 900€ salário base e as horas extra pagas, aceitando isso acabam logo a greve. Não sei se é viável ou não, se é possível ou não, mas sei que é prefeitamente aceitável. No entanto as reacções a isto são a típica crítica a dizer que não podem ganhar isso porque grande parte do país ganha menos. E não me admira nada que um dos problemas sejam as horas extra demasiado habituais. Tenho a certeza que na minha zona, sem as horas extra habituais (quase diariamente), alguns dos sectores paravam (calçado é um caso paradigmático).

A questão dos serviços mínimos também é muito questionável, eles esvaziaram em muito a força da greve, na minha zona (fora dos grandes centros, embora com muita industria) não se nota quase nada, dá para abastecer em quase qualquer lado, sem grande constrangimento. Em Abril não foi assim, esgotou em quase todas. Li hoje que numa das refinarias (penso ser a de Leça) num dia normal são realizadas cerca de 250 cargas, os serviços minimos estipularam 200. É normal ter dúvidas se são assim tão mínimos.


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:13 
CAMPEÓN, ALBERTO CAMPEÓN.
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Registado: 17 Ago 2013, 17:48
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MarcoAZB Escreveu:
xanuh Escreveu:
MarcoAZB Escreveu:

Embora concordando...de que outra forma é que conseguiriam alcançar esses objectivos?


Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?

A única cena que eu critico é não quererem cumprir esses serviços minimos por serem mais elevados que o normal e com isso bloquearem completamente o país.

Acho que quando é uma classe de 1 ou 2M de pessoas a reivindicar algo (como os funcionários publicos por exemplo) podem e é legitimo que parem o país por alguns dias. 800 gajos não podem parar um país por tempo indeterminado. Acho que toda a gente percebe isto.


Concordo, mas isso quer dizer unicamente que os serviços mínimos definidos são menos do que os serviços mínimos realmente necessários. Ou seja, que o mínimo tem de ser ajustado.
Eu sou um bocado suspeito em relação a esta matéria, diga-se. Esta greve tem uma série de contornos políticos que vão além da simples reinvindicação dos trabalhadores. Quer eles próprios percebam ou não...daí que não queira entrar muito por aí.

O meu pai é camionista (embora não de matérias perigosas), e estamos a falar de uma classe que faz constantemente mais horas que o definido na lei por entre portas e travessas (por exigência dos patrões que tentam dar undercut uns aos outros), que recebe mais de metade do salário em ajudas de custo para os patrões não descontarem tanto, etc. Acredito que todos eles não se importassem de ter todo o salário declarado e pagar impostos sobre isso a partir do momento em que não sofressem no salário líquido (até porque mais descontos = mais reforma). Há que passar uma série de certificações caríssimas de tempos a tempos, etc, e no entanto a classe no geral tem praticamente os salários estagnados de há 20 anos a esta parte.

Se a forma de resolver isso é parar o país, que seja. É o único poder negocial que eles têm e infelizmente em Portugal só assim é que as coisas se resolvem, porque enquanto deixares andar ninguém vai querer saber dos teus interesses.

Os das matérias perigosas são um número mais limitado e que quando param fazem mossa rapidamente, mas não há-de faltar muito tempo a que isto se alastre a todos os outros. E aí não vai ser só o gasóleo, vai ser tudo a correr às prateleiras como o que aconteceu há uns anos atrás.



CandidoBarbosaPT Escreveu:
Antes que se critiquem as leis, convém saber que Portugal até é dos países que protege mais os direitos dos trabalhadores com uma legislação fortemente inspirada no 25 de Abril.


Por comparação a que país? Estados Unidos? Sem dúvida. Qualquer país europeu? Bullshit.


Mesmo em relação à Europa. Portugal e Espanha são dos países onde é mais complicado de despedir um trabalhador (o que também depois tem consequências muito específicas a nível de empreendedorismo, de salários, etc). A questão do lockout é outro exemplo (em Portugal é proibido, enquanto a União Europeia até prevê um direito ao lockout).

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:17 
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zeduarte 10 Escreveu:

Doublepoel Escreveu:
Agora o trabalho do governo e é para isso mesmo que eles lá estão e gerir o país e assegurar-se que são tomadas as melhores medidas económica e socialmente. Num contexto de greve sem fim anunciado, em período de férias e com o afluxo de emigrantes/turistas que é típico de Agosto (e sendo o turismo cada vez mais um dos principais impulsionadores da nossa economia) é normal que o governo tenha tomado medidas que limitem os efeitos da greve e que façam com que o cidadão comum não seja afetado pela mesma e que os serviços essenciais do país funcionem na maior normalidade possível.


Quanto ao timing, a greve está marcada há meses. O governo está a fazer o seu papel agora porque foi negligente este tempo todo.


Pelo que tenho ouvido nos últimos tempos o governo desde Abril que tem tentado e que têm ocorrido várias reuniões entre os sindicatos e a ANTRAM para a negociação de um novo contrato colectivo de trabalho e que as bases de acordo para 2020 até já estavam definidas.

Em que sentido é que achas que tem sido negligente? Só se for pela não fiscalização do cumprimento do horário legal de trabalho e das ajudas de custo encapotadas (mas isso infelizmente não é exclusivo do setor).

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:41 
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zeduarte 10 Escreveu:
xanuh Escreveu:
Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?


Claro que faz efeito, é uma greve! Xanuh, vá lá. Achas mesmo que estipular serviços mínimos em 50% não é exagerar os "serviços mínimos"?



Eu sei que é uma greve, por isso disse que mesmo com os tais 50% de serviços mínimos já estavam a condicionar bastante, logo, já estavam a marcar a sua posição e a forçar a que se chegasse a algum resultado em concreto.

O que eu não percebo é a necessidade de não cumprir esses serviços e querer instalar o caos total. (E aqui acho que entram os tais factores externos que o Marco fala..)
Acho que não representam um número suficiente de pessoas para o fazerem. Acho que é tudo uma questão de proporcionalidade. Num Mundo ideal claro que todos devemos lutar ao máximo pelos nossos direitos, mas também temos de perceber o nosso papel. Não acho sensato nem justo que as reivindicações de 800 pessoas parem um país inteiro, por mais justas que elas sejam (e com as quais eu não discordo).


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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:56 
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Leonardsky Escreveu:

Dediquei-me mais a ler sobre este tema nos últimos dias e dá a impressão de que realmente existem ali várias guerrinhas cruzadas que pouco têm a ver com as exigências. Ninguém sabe muito bem o que dá mais votos neste momento e daí estarem todos a fingir-se de mortos, excepto o PS que por ser governo tomou uma posição clara e achando que vai ganhar votos com isto adoptou um discurso quase bélico.

Neste país ganha-se mal e não existe solideriedade nenhuma entre sectores. Hoje ouvi um dos responsáveis do sindicato dos camionistas no norte dizer que eles pedem 900€ salário base e as horas extra pagas, aceitando isso acabam logo a greve. Não sei se é viável ou não, se é possível ou não, mas sei que é prefeitamente aceitável. No entanto as reacções a isto são a típica crítica a dizer que não podem ganhar isso porque grande parte do país ganha menos. E não me admira nada que um dos problemas sejam as horas extra demasiado habituais. Tenho a certeza que na minha zona, sem as horas extra habituais (quase diariamente), alguns dos sectores paravam (calçado é um caso paradigmático).

A questão dos serviços mínimos também é muito questionável, eles esvaziaram em muito a força da greve, na minha zona (fora dos grandes centros, embora com muita industria) não se nota quase nada, dá para abastecer em quase qualquer lado, sem grande constrangimento. Em Abril não foi assim, esgotou em quase todas. Li hoje que numa das refinarias (penso ser a de Leça) num dia normal são realizadas cerca de 250 cargas, os serviços minimos estipularam 200. É normal ter dúvidas se são assim tão mínimos.


Isso é a crítica mesquinha do tuga, tbh. É claro que o trabalho precário em Portugal não se estende só a esta classe (longe disso). Isso não quer dizer que então tenhamos de manter o status quo não tentando melhorar as condições de trabalho de uma única pessoa.

A maioria esmagadora de todos os motoristas tinham apenas salário mínimo como salário base até ao início deste ano. Depois de algumas reinvindicações o Estado forçou os patrões a aumentar o salário base (passando por volta dos 680/700 no mínimo, salvo erro, o que não é tão acima assim do salário mínimo). Óbvio que descontando mais, os patrões vão também cortar no resto onde puderem.

Depois se calhar estas pessoas ganham 900/1000/1200 ou seja o que for porque trabalham 12 horas por dia a conduzir, 6 dias por semana, muitas vezes sem condições para dormir, a terem eles de fazer a carga/descarga (incluindo a malta das matérias perigosas), e no caso destes últimos, ainda a transportar material que basta um descuido e é a morte do artista.



De qualquer forma, não sei quais são as reinvindicações das pessoas por detrás da greve ao certo. Mas se as do comum motorista é de ter o salário base aumentado para os descontos incidirem sobre mais alguma coisa e receber as horas extra, então não só acho justo como ainda acho pouco. Maioria destas pessoas vão chegar à idade da reforma e ter uma reforma miserável à pala do patronato passar a vida a fugir ao fisco e querer sacar tudo o que é lucro.



CandidoBarbosaPT Escreveu:

Mesmo em relação à Europa. Portugal e Espanha são dos países onde é mais complicado de despedir um trabalhador (o que também depois tem consequências muito específicas a nível de empreendedorismo, de salários, etc). A questão do lockout é outro exemplo (em Portugal é proibido, enquanto a União Europeia até prevê um direito ao lockout).


Espanha é por si só um exemplo de um sítio onde há melhores direitos laborais (e falando deste sector, quando há uma greve de camionistas lá, pára tudo. Fique o camião onde ficar. Mesmo entre a classe há maior solidariedade), mas qualquer país da Europa Central tem muito mais direitos laborais genericamente falando do que em Portugal. Mais dificuldade em despedir, mais tolerância para atrasos, faltas, horários, mais regalias, etc.

As pessoas legitimamente trabalham menos e depois saem os índices de produtividade e o tuga é menos produtivo que os outros. Go figure.

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 16:59 
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Registado: 26 Fev 2009, 13:03
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CandidoBarbosaPT Escreveu:
MarcoAZB Escreveu:
xanuh Escreveu:

Fazendo greve como fizeram, mas obviamente cumprindo os serviços minimos.

Não concordas que a greve já estava a ter efeito na mesma de condicionar o país mesmo com os serviços minimos de 50% a serem cumpridos?

A única cena que eu critico é não quererem cumprir esses serviços minimos por serem mais elevados que o normal e com isso bloquearem completamente o país.

Acho que quando é uma classe de 1 ou 2M de pessoas a reivindicar algo (como os funcionários publicos por exemplo) podem e é legitimo que parem o país por alguns dias. 800 gajos não podem parar um país por tempo indeterminado. Acho que toda a gente percebe isto.


Concordo, mas isso quer dizer unicamente que os serviços mínimos definidos são menos do que os serviços mínimos realmente necessários. Ou seja, que o mínimo tem de ser ajustado.
Eu sou um bocado suspeito em relação a esta matéria, diga-se. Esta greve tem uma série de contornos políticos que vão além da simples reinvindicação dos trabalhadores. Quer eles próprios percebam ou não...daí que não queira entrar muito por aí.

O meu pai é camionista (embora não de matérias perigosas), e estamos a falar de uma classe que faz constantemente mais horas que o definido na lei por entre portas e travessas (por exigência dos patrões que tentam dar undercut uns aos outros), que recebe mais de metade do salário em ajudas de custo para os patrões não descontarem tanto, etc. Acredito que todos eles não se importassem de ter todo o salário declarado e pagar impostos sobre isso a partir do momento em que não sofressem no salário líquido (até porque mais descontos = mais reforma). Há que passar uma série de certificações caríssimas de tempos a tempos, etc, e no entanto a classe no geral tem praticamente os salários estagnados de há 20 anos a esta parte.

Se a forma de resolver isso é parar o país, que seja. É o único poder negocial que eles têm e infelizmente em Portugal só assim é que as coisas se resolvem, porque enquanto deixares andar ninguém vai querer saber dos teus interesses.

Os das matérias perigosas são um número mais limitado e que quando param fazem mossa rapidamente, mas não há-de faltar muito tempo a que isto se alastre a todos os outros. E aí não vai ser só o gasóleo, vai ser tudo a correr às prateleiras como o que aconteceu há uns anos atrás.



CandidoBarbosaPT Escreveu:
Antes que se critiquem as leis, convém saber que Portugal até é dos países que protege mais os direitos dos trabalhadores com uma legislação fortemente inspirada no 25 de Abril.


Por comparação a que país? Estados Unidos? Sem dúvida. Qualquer país europeu? Bullshit.


Mesmo em relação à Europa. Portugal e Espanha são dos países onde é mais complicado de despedir um trabalhador (o que também depois tem consequências muito específicas a nível de empreendedorismo, de salários, etc). A questão do lockout é outro exemplo (em Portugal é proibido, enquanto a União Europeia até prevê um direito ao lockout).

Portugal tem a legislação laboral mais rígida de todas as economias desenvolvidas a par da França.

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MensagemEnviado: 14 Ago 2019, 17:15 
CAMPEÓN, ALBERTO CAMPEÓN.
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Hugo Contador Escreveu:
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MarcoAZB Escreveu:

Concordo, mas isso quer dizer unicamente que os serviços mínimos definidos são menos do que os serviços mínimos realmente necessários. Ou seja, que o mínimo tem de ser ajustado.
Eu sou um bocado suspeito em relação a esta matéria, diga-se. Esta greve tem uma série de contornos políticos que vão além da simples reinvindicação dos trabalhadores. Quer eles próprios percebam ou não...daí que não queira entrar muito por aí.

O meu pai é camionista (embora não de matérias perigosas), e estamos a falar de uma classe que faz constantemente mais horas que o definido na lei por entre portas e travessas (por exigência dos patrões que tentam dar undercut uns aos outros), que recebe mais de metade do salário em ajudas de custo para os patrões não descontarem tanto, etc. Acredito que todos eles não se importassem de ter todo o salário declarado e pagar impostos sobre isso a partir do momento em que não sofressem no salário líquido (até porque mais descontos = mais reforma). Há que passar uma série de certificações caríssimas de tempos a tempos, etc, e no entanto a classe no geral tem praticamente os salários estagnados de há 20 anos a esta parte.

Se a forma de resolver isso é parar o país, que seja. É o único poder negocial que eles têm e infelizmente em Portugal só assim é que as coisas se resolvem, porque enquanto deixares andar ninguém vai querer saber dos teus interesses.

Os das matérias perigosas são um número mais limitado e que quando param fazem mossa rapidamente, mas não há-de faltar muito tempo a que isto se alastre a todos os outros. E aí não vai ser só o gasóleo, vai ser tudo a correr às prateleiras como o que aconteceu há uns anos atrás.





Por comparação a que país? Estados Unidos? Sem dúvida. Qualquer país europeu? Bullshit.


Mesmo em relação à Europa. Portugal e Espanha são dos países onde é mais complicado de despedir um trabalhador (o que também depois tem consequências muito específicas a nível de empreendedorismo, de salários, etc). A questão do lockout é outro exemplo (em Portugal é proibido, enquanto a União Europeia até prevê um direito ao lockout).

Portugal tem a legislação laboral mais rígida de todas as economias desenvolvidas a par da França.


Sem dúvida, se bem que no caso francês há pouco tempo a legislação foi algo flexibilizada, o que até gerou ondas de manifestações.

MarcoAZB Escreveu:
Espanha é por si só um exemplo de um sítio onde há melhores direitos laborais (e falando deste sector, quando há uma greve de camionistas lá, pára tudo. Fique o camião onde ficar. Mesmo entre a classe há maior solidariedade), mas qualquer país da Europa Central tem muito mais direitos laborais genericamente falando do que em Portugal. Mais dificuldade em despedir, mais tolerância para atrasos, faltas, horários, mais regalias, etc.


A parte em que coloquei o negrito não é verdade. Se é verdade que em alguns países podes ter mais regalias por exemplo a nível de licenças de maternidade/paternidade, quando falas em maior dificuldade para despedir não se aplica de todo. Portugal é dos países onde é mais complicado despedir um trabalhador.

A produtividade pode ser menor realmente, mas tal não é derivado da legislação do trabalho, que parte muito do 25 de Abril e só daí podemos ver o quão é protetora dos direitos dos trabalhadores, o que não tem de se refletir em melhores salários que os países a Europa Central.

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