80% do pinhal de Leiria ja ardeu e o resto continua ainda a arder, já com dezenas de novos focos que começaram hoje a todo a volta da cidade de Leiria e que têm sido apagados até agora. Ja todas aa escolas do concelho foram suspensas, o ar está irrespirável..não se vê o castelo com tanto fumo.

É mais que obvio que se trata de crime organizado.

Mas ele tem toda a razão. Isto vai voltar a acontecer. Temos um problema de ordenamento florestal (de décadas) na maioria dos casos que leva a uma propagação enorme dos fogos. A integração dos guardas florestais na GNR e mais tarde o fim dos serviços florestais foi um erro que agora vamos pagando caro.
Já para não falar que é impossível ter meios para 500 ignições. É impossível ser tudo negligência (alguns são) e "acidentes" (casos de lixo em zonas de mato que entram em combustão com o aumento da temperatura e etc). Começaram fogos em Gaia, focos totalmente novos, às 22h30m. 4 novas ignições entre a meia-noite e a meia noite e meia. É suposto isto ser normal?

Óbvio que temos de criar condições de ordenamento e prevenção para que isto não aconteça. Mas isso demora anos a concretizar, e não pode ser alterado a cada nova legislatura. É também necessário perceber que muitos destes fogos em zonas rurais propagam-se muito mais facilmente devido à desertificação e envelhecimento do interior, menos pessoas equivale a menor capacidade de combate e de alerta.
Quanto às alterações climáticas, são um óbvio factor que potencia casos extremos, mas não podem servir de desculpa. A culpa é nossa e por isso agora temos de perceber que estas condições extremas e fora de época vão ser cada vez mais normais. Logo os planos de prevenção e combate tem de estar preparados para isso.

Penso que o pinhal de Leiria estava tratado e organizado, corrigem-me se estiver mal. Em dias como ontem e hoje, acho que o principal problema são as pessoas que querem ver o país a arder, estar limpo ou não, neste caso pouco conta. São incendiários que sabem os dias e as horas que têm de fazer os fogos, é terrorismo organizado, odeio usar estas palavras... E acho que isso é mais fácil de combater do que limpar florestas pedindo às pessoas que façam isso sem ajudas nenhumas.

É incrível que em Portugal morra tanta gente como na Califórnia (comparado com o incêndio recente lá), achando eu que a Califórnia seja um estado mais propício a arder como mais violência e em quantidade que Portugal.

Já agora, por aqui uma tempestade por aqui apanhou um pouco de pó do Sahara e um pouco de fumo dos incêndios por aí. Isto é como o céu tem estado por aqui nas últimas horas:

https://www.instagram.com/p/BaT_IapjNAC/

A qualquer momento estou à espera de ouvir um Tripod ou de ver o Ryan Gosling à procura do Harrison Ford.

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Tendo a sua razão o que disseste, há um problemático desordenamento do território... Tens uma casa aqui uma casa acolá, depois é um caminho de cabras para lá chegar, etc...
Depois também deixaram de haver os guardas florestais que rapidamente passavam o alerta nessas situações...

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Tão a ministra Constança foi queixar-se de que não teve férias?

Tratado nem por isso, mas super organizado. Está todo dividido em parcelas rectangulares com estradões a toda a volta. Mas foram ateados mais de 7 focos de incendio ao longo de 20km durante meia hora. É terrorismo! E para manter os bombeiros dispersos vão ateando fogos a toda à volta da cidade de Leiria. Alguém quis ver esta mata tão importante a nível ambiental e financeiro para o País queimada, e conseguiu-o.

Não sei, mas o trabalho dela não é (ou não devia ser) dizer coisas giras para a câmara. Acho que as pessoas se esquecem disso muitas vezes.

Não devia ser preciso um bode expiatório aka responsável político para o que está mal continuar a ser perpetuado, só que com uma cara diferente. Logicamente que o governo vigente tem de assumir culpa, mas não demitindo ministros ou secretários de estado, mas sim com acções claras, que, de facto, façam mudar qualquer coisa. Acho que é uma coisa muito portuguesa pedir a demissão de um político só porque aconteceu uma tragédia. Sinceramente, acharia nobre não haver nenhuma demissão e tentar, de facto, criar procedimentos para que isto nunca se voltasse a repetir, no entanto, já vivi tempo suficiente para perceber que aqui em Portugal nada verdadeiramente muda. É esse o problema, mesmo. A classe política em Portugal é formada para guerrinhas e disputas de poder, reverter ou não as acções do anterior governo e anteriores ministérios, mas na verdade não sabem governar - nunca souberam, nem nunca foram preparados para isso.

É muito revoltante saber que morreram cerca de 100 pessoas em incêndios florestais esta ano num país tão pequeno como o nosso. Nasci e cresci no litoral, mas se vivesse ou tivesse família próxima no interior do país, mais revoltante seria. É absolutamente incrível como é que existem povoações que ficam sem comunicações numa situação de emergência. Igualmente revoltante é a falta de serviço público que as televisões fazem - mato a arder constantemente televisionado, directos com pessoas a combater o fogo, enfim um voyeurismo degradante ao invés de transmitirem informações de utilidade pública, como estradas cortadas, linhas de emergência, etc.

É tudo uma oops.

As vossas queixas são todas verdade e pertinentes, como eram na altura da primeira vaga maior de incêndios... mas ao mesmo tempo sinto que muita gente nesta discussão passou ao lado deste ponto, que é importantíssimo. Há muitas medidas a serem tomadas e muita coisa a melhorar. O discurso da ministra é sem dúvida ridículo, mas não nos vamos esquecer que há indícios de crime organizado de cima a baixo disto e em dezenas de focos de incêndio. E os problemas estruturais que existem e que pioraram significativamente a situação estão bem visíveis há décadas. Medidas também demoram anos e anos a serem progressivamente implementadas. Querer rolar com cabeças e culpar estas mortes em duas ou três pessoas só por calharem de estar no poder aquando de uma tragédia é incrivelmente shortsighted. Não ignorando que este governo já podia ter feito bem mais. Que fazem bem em não ignorar.

Por muita organização e recursos que haja, vai sempre haver um problema bicudo quando montes de esterco criam 3 focos de incêndio numa localidade estrategica e deliberadamente durante a noite.

A razão das televisões e dos media se comportarem desta maneira é porque a desgraçada das pessoas dá audiências. Repito: a desgraça das pessoas dá audiências! Daí existir um programa tipo "Cops" na TVI e na CMTV a mostrar tiros e detenções, a Judite Sousa ter sido posta a apresentar o telejornal quando ainda estava devastada com a morte do filho e termos telenovelas onde desgraças acontecem a personagens todas as noites. E quando chegam ao cúmulo de tentarem chegar mais depressa que os bombeiros a um local de incêndio só para fazerem o que sabem melhor, começam depois a fazer o que fazem as pessoas com depressão: apontar o dedo a toda a gente à volta (governo, proteção civil, bombeiros...) exceto aos verdadeiros culpados, aqueles que atearam os fogos e aqueles que estão por detrás disso.

Ou a CMTV ter alugado a casa em Paris do Sócrates e ter feito uma visita guiada em direto.

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São tantos que alguns até nos escapam.

Aqui na minha zona está um cenário dantesco. Muito triste.
A cidade esteve totalmente cercada domingo a noite, foi deixar arder obque havia até ao fim...

Não deixaram de ser desagradáveis as declarações dela.

Mais desagradável foi a pergunta que lhe fizeram. Em plena catástrofe perguntarem-lhe acerca da sua demissão.. E queixamo-nos das politiquices e dos aproveitamentos políticos. Os próprios jornalistas, a própria comunicação social tem as prioridades trocadas. Onde tem estado a comunicação social no que respeita a passar informação às populações sobre o que fazer e como fazer em situações destas?

Obviamente que a ministra tem que se demitir, mas apenas e só quando tudo terminar e se se constatar que agiu de forma incorrecta ou insuficiente. Não é a meio do dia em que há mais incêndios que ela vai dizer a publico que se demite.

Há muita coisa errada, muita coisa que está a ser mal feita e que tem que ser reestruturada. Mas atenção, a maior parte dessas reformas não se vão sentir no próximo ano. As reformas de fundo que são fundamentais vão demorar a ser implementadas ou, pelo menos, a produzir resultados. Por outro lado, não deixa de ter um fundo de verdade o facto de algumas medidas (correctivas e de intervenção, ou seja, de combate e vigilância) que se tomaram há 10/15 anos atrás fizeram com que na última década se tenha conseguido combater melhor os incêndios e com isso o terreno se tenha tornado mais combustível e mais propício a incêndios de grandes dimensões quando o ataque inicial não o controla. Faltou a parte das medidas preventivas, obviamente.

Foi precisamente isso que falhou no combate a estes incêndios, tanto agora como em Junho. Fora as falhas de comunicações, que estão por explicar e cuja responsabilidade pode e deve ser encontrada e punida, falharam os ataques iniciais a cada incêndio. Normalmente, quando surge uma ignição, os bombeiros da região e eventualmente das regiões vizinhas são mobilizados para fazer o primeiro ataque e tentar controlar de imediato o fogo. Só mais tarde são chamados bombeiros de outros pontos do país no caso de ser necessário. Desta vez isso não aconteceu por vários motivos. Em primeiro lugar pela quantidade obscena de ignições no espaço de poucas horas em várias fases diferentes por todo o país acima do Tejo. Isto revela coordenação e planeamento muito organizado, não é à toa que o galego dizia "isto é gente que sabe o que faz". Com tantos focos, foi impossível mobilizar meios suficientes para fazer o ataque inicial a cada incêndio. Depois, os próprios meios disponíveis estavam reduzidos, visto que é o que está protocolado acontecer a partir de 1 de Outubro. A certa altura os bombeiros limitaram-se a proteger casas e estradas, isto às que conseguiram chegar.

Na aldeia dos meus avós arderam várias casas, incluindo a deles, e até meio da tarde de ontem (já o fogo tinha varrido tudo e se tiravam fotos dos estragos) não tinha aparecido ninguém, nem bombeiros nem protecção civil nem gnr, nada. E não era uma aldeia isolada no meio das montanhas! Mas era impossível chegar a todo lado. Falhando o ataque inicial era impossível chegar face à quantidade de ocorrências. E como se podia pedir ajuda se não havia rede? Muito duro isto.

O relato que o meu avô me fez ontem foi avassalador. Ele a certa altura desistiu e foi-se enfiar no quarto com a minha avó que tem mobilidade reduzida. Valeu-lhes e valeu-nos a nós família um homem chamado Jorge (não faço ideia de quem seja) que os foi buscar já a casa ardia. Como esta deve haver inúmeras histórias tão más ou piores.