2 de janeiro de 2020Entrevista a Rui Porto NunesRPN: Antes de mais um bom dia, José. Em relação às perguntas, como é que se sente com este seu novo projeto?
JdS: Bom dia, Rui. Bem, um projeto com esta envergadura e com os objetivos delineados pela MEO é sempre algo desafiante e algo que sabemos, eu e o Ricardo, que será complicado, mas ao mesmo tempo também bastante motivante. Esperamos conseguir manter a confiança das pessoas da MEO, dos nossos atletas e dos adeptos da modalidade para conseguir alcançar progressivamente mais e mais.
RPN: Como se sabe, a MEO, após a criação do canal MEO Cycling mostrou vontade de entrar no pelotão nacional, conseguindo agora, porém há quem diga que a criação da equipa foi em cima do joelho. Que acha destas alegações?
JdS: A entrada de um patrocínio num desporto como o ciclismo é um processo sempre um pouco complicado. Posso avançar que tivemos em contacto com algumas equipas nacionais já existentes, mas por um ou outro motivo não conseguimos fazer parceria. Não vou obviamente revelar nomes nem as condições em que tentamos entrar por respeito aos seus patrocinadores e diretores desportivos. A ideia da equipa em nome próprio surgiu pouco depois da nossa Volta, em que decidimos arriscar e começamos a contactar com alguns ciclistas que se mostraram recetivos à ideia e conseguimos fechar o plantel muito recentemente com as adições do Jaime Rosón e do Domingos, pois vimos neles excelentes valores para obterem resultados ao longo do ano. Sobre a MEO Cycling, queria também dar a novidade que a cobertura das provas que iremos correr e não tenham transmissão irão ser passadas na nossa app, de forma aos adeptos do ciclismo conseguirem nos seguir.
RPN: Tenho que lhe perguntar isto. O José Gonçalves tinha contrato até 2021 na equipa Delko, que lhe fez mudar de ideias e dar um passo atrás para voltar a Portugal?
JdS: O Zé é um excelente ciclista, tanto que a Delko o queria, porém, pouco tempo depois de assinar o Zé começou a ter alguns problemas com a estrutura da sua equipa e eles acharam que o melhor era rescindir contratos e evitar algum confronto mais grave. Surgiu assim a possibilidade de o ir resgatar, e quando o seu irmão foi ilibado juntamos o útil ao agradável.
RPN: Jaime Rosón e Domingos Gonçalves são nomes ligados ao doping. Outros nomes da equipa também já tiveram algumas associações, como reage a isso?
JdS: O que está no passado aí ficará, é o que posso dizer. Vou garantir que esta equipa correrá sempre de forma limpa e se alguma suspeita de que um ciclista nosso usa doping iremos o afastar da equipa.
RPN: Quando iremos ver a equipa em corrida?
JdS: Não falta muito. Temos um objetivo da MEO em ir à Nova Zelândia correr a New Zealand Cycling Classic, depois vamos fazer umas provas a Espanha para ganhar ritmo para a Volta ao Algarve, onde nos estrearemos em território nacional.
RPN: Devido à questão dos dois diretores desportivos, quem vai a essas provas e como irá funcionar o desdobramento?
JdS: À Nova Zelândia vou eu e depois em Espanha o Ricardo vai a todas. Estamos a pensar em ir os dois ao Algarve.
RPN: Noutra entrevista o Ricardo falou em teres um papel mais forte na componente de planeamento e preparação e ele mais focado na gestão do grupo assim como nas adições. Que quer isso dizer concretamente, e achas que ele tem um papel mais preponderante no futuro da equipa que tu?
JdS: Não, não, nada a ver. Cada um de nós foca-se nas suas caraterísticas mais fortes, porém ambos temos fortes inputs no trabalho um do outro, pois somos uma equipa. Há já muitos anos que trabalhamos juntos noutros projetos, já lidamos com o bom e o mau de um do outro várias vezes e sabemos como nos conciliar. Em termos simplistas eu vou sugerir um planeamento e em conjunto iremos debater sobre isso. Se o ciclista X deverá ir à prova Y ou não. E ele também vai sugerindo ciclistas para renovar ou não renovar, assim como adicionar à nossa equipa. É um trabalho de equipa bastante saudável.
RPN: Uma última pergunta. Aquando da desdobração dos dois Diretores Desportivos, que nos pode dizer? Que tipo de prova prefere?
JdS: Eu, pessoalmente, sou uma pessoa que o bichinho do ciclismo se dá especialmente por provas na zona da Flandres, não fosse o meu ciclista favorito o Fabian Cancellara. Estou expectante que cheguemos ao World Tour para correr essas provas, agora de resto acho que não tenho preferência, acho que apesar de sermos relativamente inexperientes sabemos o suficiente de ciclismo para saber o que fazer em qualquer momento em cada prova.
RPN: Muito obrigado pela entrevista e bom trabalho.
JdS: Obrigado eu!