Pengo Escreveu:
CandidoBarbosaPT Escreveu:
Não há como fugir muito aos nomes que referiste. Pessoalmente, talvez colocasse o Sérgio Paulinho no lugar do Joaquim Gomes pela medalha de prata em Atenas.
Os dois primeiros não têm referências no panorama nacional, mas até por ter sido a primeira grande rivalidade no ciclismo nacional, até pelos clubes em questão, considero que devam ficar, sendo que dos restantes o Joaquim Gomes parece-me aquele mais fácil de retirar.
Obrigado pelo teu comentário.
O Sérgio Paulinho prometia muito nas camadas jovens mas depois como elite e individualmente a sua carreira fica muito aquém do que poderia ter atingido, talvez fruto da sua opção, correr no estrangeiro como gregário. Corre duas Voltas a Portugal nos seus primeiros anos de elite conseguindo um 9º e um 6º lugar na geral, segue-se a medalha de prata nos jogos olímpicos e aqui esta foi atingida com grande mérito...segue caminho para uma carreira internacional, vencendo uma etapa na Vuelta (2006), no Tour (2010) e mais tarde quase que vence também no Giro. É a partir dessa última vitória no Tour que começa a entrar num perfeito anonimato, eu diria mesmo que nunca foi um corredor apaixonante, daqueles que nos fazia "colar" à TV. Depois no regresso a Portugal, já era uma sombra de si mesmo, bem longe daquele início de carreira que parecia auspicioso. Não o consigo colocar neste lote, pois não posso fazer uma análise só com base em vitórias, aliás eu coloco o Paulinho atrás de corredores como o Vítor Gamito e o Cândido Barbosa que podem internacionalmente não ter atingido tanto, mas foram corredores de grande carisma, apaixonantes e em Portugal com desempenhos muito bons.
Em relação ao Joaquim Gomes, foi só o melhor trepador português da toda a década de 90 bem acima dos demais, e nesta especialidade também um dos melhores de toda a história do ciclismo português. Era outro corredor com carisma e apaixonante. Duas vitórias à geral na Volta, 4 vezes em 3º e uma em 2º, fora outras classificações dentro do Top 10. Não fez carreira no estrangeiro porque simplesmente não quis...teve propostas de boas equipas espanholas mas a Sicasal e a Recer Boavista (equipas onde correu até aos 30 anos de idade) cobriam sempre essas propostas em termos de ordenado e o Joaquim Gomes assim, preferiu sempre ficar.
O Nicolau e o Trindade são 2 ícones das primeiras Voltas a Portugal, 2 corredores que rivalizaram e que tinham características e estilos de correr totalmente díspares. Cada um com duas Voltas no bolso e outras boas prestações. O Nicolau por exemplo pesava 80 Kg, se fosse hoje dificilmente ganhava uma Volta a Portugal, mas naquele tempo com aquelas estradas e quilometragens tinha uma força ao alcance de poucos ciclistas...fartava-se de partir aros e crenques das bicicletas que utilizava, sinónimo da sua pujança física. Foi o primeiro ciclista em Portugal a usar bicicleta com multiplicação, uma novidade naquela época. Já o Trindade era um corredor pequeno e franzino, aquilo que hoje poderíamos encaixar como sendo um corredor trepador, era muito inteligente na forma de correr. Corria quase sempre sem se levantar do selim, teve uma carreira um pouco mais longa que o Nicolau e eles foram as grandes refrências da década de 30 do século passado, mesmo a nível internacional quando íam ao estrangeiro (correram muito no Brasil) venciam muitas vezes e eram constantemente capa dos jornais e revistas da época.
Agradeço a resposta. Demonstras um profundo conhecimento do ciclismo português e sua história.
Quanto a mim, lá está. É uma medalha nos jogos olímpicos, talvez o maior evento desportivo do mundo. Se fosse de ouro não tenho dúvidas de que ele constaria em qualquer lista.
No entanto, claro que tenho de concordar quando dizes que foi um ciclista que nunca foi carismático. Na verdade até ficou mais conhecido pelo trabalho invisível do que outra coisa. A verdade é que é fácil de se reconhecer que o Joaquim Gomes enquanto ciclista era superior, mas lá está para mim a medalha em Atenas pesa muito. Quando será que vamos ter outra?
Quanto ao Vítor Gamito, não tendo tido uma carreira internacional, foi bastante relevante na década de 90 e início de 2000 no panorama nacional. Já o Cândido, não vale a pena falar. Era um ciclista que adorava, ganhava ao sprint e depois andava a discutir a nossa volta. Pena que nunca conseguiu ganhar. Partiu-me o coração quando em 2005 perdeu para o ciclista russo.
Outro ciclista que poderia ser equacionado seria o Fernando Mendes, mas teve o azar de coincidir com o maior fenómeno de popularidade (e talento!) do ciclismo nacional.