Vencedor de Voltas Pro Tour |
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Registado: 12 Dez 2008, 21:20 Mensagens: 1511 Localização: V. N. Gaia/Coimbra
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AbrilAbril traz a Primavera, traz as Clássicas. Já a sabedoria tradicional o diz: "Abril, Clássicas mil", e quem somos nós para contrariar esse bastião de conhecimento construído por todos os Zés e Marias que povoam todas as quintas e currais por esse Portugal fora. De facto, Abril é mesmo o mês das Clássicas, prova disso são as 5 provas que se perfilam no Calendário do DGG, para este mês: Ronde van VlaanderenE começamos em grande! Logo a abrir o mês, temos a mais dura de todas. A Ronde é dura não só para aqueles que a querem ganhar mas principalmente para todos os outros. Pavé, pavé e mais pavé é o mote desta corrida, mas atenção, que não estamos aqui a falar de pavé planinho e agradável para aqueles corredores grandes e pesados, mas sim pavé colina acima, onde surgem locais tão inclinados que só de olhar para cima nos dá cabo do pescoço, e onde deixar o selim e rebocar a bicicleta colina acima não é uma tentação fácil de resistir. Locais como o Molenberg, o Koppenberg, o Bosberg, ou o Muur-Kalpemuur já deixaram a sua marca em dezenas e dezenas de edições da Ronde e voltá-la-ão a deixar uma vez mais. Mas quem irá vencer na Ronde? Bem a resposta não podia ser mais difícil. Tendo em conta que o vencedor do ano transacto não se encontra presente, cabe a Rui Ribeiro (Saxobank) e a Ze Duarte (Katusha), respectivamente 2º e 3º na edição anterior da RvV, assumir o assalto à conquista da prova belga. Miguel Ulrich (Française des Jeux) 4º no ano passado e com um início de época auspicioso poderá também vir a ser uma boa aposta. Por outro lado temos também aqueles que têm obrigações a cumprir aqui como Diamantino Pinto (Quick-Step), Francisco Pereira (Sky), ou Guilherme Pais (Rabobank). Há ainda um homem que pode vir a dar-se muito bem com a adaptação ao pavé: Tiago Ferreira (Radioshack), um outsider a ter em conta pelos favoritos. Mais do que tudo, interessa aqui estabelecer-se como o mais forte e correr de uma maneira inteligente. Os resultados vêm por associação. Não perca num ecrã próximo de si a Ronde van Vlaanderen! Paris-RoubaixE como não há 2 sem 3, no fim-de-semana seguinte ao do 2º Monumento da temporada, vem o 3º: o Paris-Roubaix! Tal como a sua antecessora, a prova gaulesa goza de uma reputação inigualável, alcançada devido às inúmeras edições já disputadas, com duelos épicos nos caminhos remendados do Norte de França. Sim, remendados, as estradas percorridas no "Inferno do Norte" são autênticos desafios à integridade física de qualquer ser humano. Não se deixem enganar pela planície do perfil! Aqui há pavé, poeira, lama, quedas, furos, pavé, adeptos em cima da estrada, pavé, terra batida e também um pouco de pavé. O Paris-Roubaix é considerada uma das provas mais difíceis de terminar do circuito, não só devido às inúmeras quedas e avarias mecânicas que são proporcionadas pelas características específicas deste tipo de pavimento, mas sobretudo a toda a poeira e lama que se acumula por todo o trajecto e se entranha nos rostos dos participantes acabando por criar um ambiente absolutamente caótico, que causa a ridiculamente enorme quantidade de abandonos. Para superar este desafio, um corredor tem de ser, não só senhor absoluto da sua máquina, mas também necessita da aprovação dos deuses velocipédicos para conseguir passar incólume a todas os azares que batem à porta dos ciclistas. Apesar de toda a especificidade desta corrida, é no entanto bem mais difícil estabelecer um grupo de favoritos para a sua conquista. Acima de tudo, devido ao facto de não existirem grandes especialistas neste tipo de terreno, e consequentemente corredores focados na obtenção de um resultado de vulto no "Inferno do Norte". Para além disso, como o último vencedor não está presente (facto que começa a tornar-se moda no DGG), Nélson Oliveira, que se retirou para dar relevo à sua carreira de comentador, há 2 homens que apesar de não terem capacidades extraordinárias neste tipo de terreno, têm resultados no seu currículo que os colocam na pole-position para o ataque ao calhau mais desejado do mundo. Falo, claro está, de Vítor Teixeira (Sky) e Bruno Santos (HTC-Columbia), que completaram o pódio na última época. Para além destes, há que designar também Tiago Ferreira (Radioshack) como um candidato com potencial para conquistar a vitória. Por último destacar ainda Miguel Lopes (Lampre) que quererá mostrar aos seus directores que afinal de contas tem capacidades para pertencer às fileiras da equipa transalpina. Ainda assim toda esta previsão encontra-se sobejamente condicionada pela lotaria do paralelo francês, e será aquele que melhor souber lidar com os perigos destas estradas que conquistará a glória no velódromo de Roubaix. Amstel Gold RaceE quando estiverem fartos de ver a estrada aos quadradinhos, as Ardenas aparecem para dar um novo rumo ao pelotão do DGG. A estrear a semana destas clássicas temos então a Amstel Gold Race, corrida na Holanda. Mas, não tinham dito que a terra dos moinhos era mais plana que o Alentejo? De facto assim é, à excepção de Limburg, a região onde é corrida esta famosa prova. A principal dificuldade a atravessar aqui, são as colinas, tal como no resto das Ardenas. No entanto, a Amstel conta com um grande número de subidas (ao todo mais de 30), que apesar de serem quase todas bastante curtas contam com inclinações de uma dureza implacável. Para além disso a dureza do perfil acumula-se no final da corrida: nos primeiros 92km surgem apenas 6 subidas, as 25 restantes aparecem nos outros 165km, sendo que 8 delas se situam nos 42km finais (uma a cada 5.25km). A uma média de 40km/h dá uma subida a cada 7'30''! O Keutenberg, com inclinações a 20% será porventura a maior dificuldade do dia, mas será o Cauberg a ditar o vencedor da corrida mais alcoólica do circuito. Favoritos? O vencedor do ano passado Hugo Reis Gomes (Liberty Seguros) regressará a Valkenburg para defender o seu título, mas contará certamente com a forte concorrência de Miguel Ulrich (Française des Jeux) e Duarte Silva (LA - Rota dos Móveis) que perderam para ele no sprint final. Além deles, temos Ze Duarte (Katusha) e Diamantino Pinto (Quick-Step), corredores com capacidades e resultados, mais do que suficientes para poderem adicionar a AMG ao seu reportório de vitórias. Há ainda que considerar os dois homens fortes da Rabobank, Ângelo Dias e Guilherme Pais, que apesar de não estarem entre os corredores mais dotados para esta prova, quererão apresentar-se na melhor forma para agradar os responsáveis da equipa holandesa. Ainda assim a Amstel é das corridas mais abertas do calendário e na verdade os favoritos não partem com grande vantagem à partida. Veremos o que o deuses Caubergianos deliberarão. La Flèche WalloneComo a semana das Ardenas é longa, os belgas acharam que podiam fazer os corredores passar por mais umas colinazitas. Sim colinazitas, porque comparado com o Muur de Huy, tudo o resto parece uma infantilidade. O problema aqui é que o Muur de Huy geralmente decide tudo! Depois de percorridos mais de 200km, por estradas pouco planas, os corredores enfrentam o tal muro que inexoravelmente dita o vencedor da prova belga. Mas "o tal muro" é provavelmente a colina mais difícil de ultrapassar do mundo! É verdade, com 1300m de extensão, uma inclinação média de 9.3% e máxima de 26%, é preciso mais do que pernas para vencer a Flèche, é preciso sobretudo o instinto certo para escolher o momento para atacar. Isso, sim é o fundamental. Atacar cedo demais acaba por nunca render, enquanto que guardar energias para o final pode não ser o mais indicado para alguns: o esforço que o Muur requer, acaba por deixar muita gente afogada em ácido láctico! No fundo, o segredo para vencer a Flèche reside em compreender o Muur de Huy e perceber que o sofrimento lá é inevitável. Como favorito, temos de considerar antes de mais, Diamantino Pinto (Quick-Step) que tem um título a defender e belgas para agradar. Depois há que ter em conta Duarte Silva (LA - Rota dos Móveis), um trepador com muito bons resultados nas Ardenas, e que como 2º classificado no ano transacto, tem que constituir uma ameaça para os restantes. Um dos homens que estará com certeza entre os melhores será Miguel Ulrich (Française des Jeux). O líder do DGG mostrou já noutras ocasiões ser capaz de superar toda a concorrência em inclinações como as do Huy. Há ainda boas possibilidades para Marco Amador (Caisse D'Epargne) , Luís Antunes (Bbox Bouygues), Pedro Costa (Team SaxoBank), Hugo Reis Gomes (Liberty Seguros) e Ze Duarte (Katusha), todos eles corredores completos mas com características apropriadas para conquistar esta competição. Apesar de todas estas previsões há uma incerteza que todos queremos ver respondida: quem vencerá a monstruosa dureza do Muur de Huy? Liège-Bastogne-Liège
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