PCM-Portugal: Vamos começar com a sua entrada na equipa. Como é que se juntou à Lampre Merida? Foi algo já planeado ao longo da última temporada? E que projecto é que estes lhe apresentaram para que aceitasse este desafio? Joxean Matxin: Para mim não se tratava de uma questão de aceitar, foi a única opção séria que eu tive e foi muito fácil, porque o que eu queria era estar numa equipa, ainda para mais uma equipa World Tour e, além disso, era a Lampre Merida, com mais de 20 anos no ciclismo profissional ao mais alto nível, para mim foi perfeito.
PCM-PT: Como é que planeia os estágios antes do início da temporada? E como é que planeia a intensidade dos treinos de forma a garantir bons resultados na fase inicial da temporada mas sem comprometer os resultados do resto do ano? JM: Para planificar o início do ano há que pensar nos picos de forma dos nossos melhores corredores e foi isso que fizemos. Temos corredores que ainda não estão a ser competitivos e que serão responsáveis por, nos grandes momentos, pôr a Lampre Merida no sítio em que esta pertence. Creio que este ano vai ser bem recompensado e equilibrado, esperamos que a preparação tenha sido a certa, analisámos todos os detalhes e cada momento do ano exaustivamente. A concepção da preparação foi feita pelo Michele Bartoli e com todos os directores, atletas, patrocinadores e responsáveis da equipa em conjunto.
PCM-PT: É de conhecimento público que a alimentação é um dos factores chave no sucesso dos ciclistas. Como é que controla o que eles comem e o quão rígido é com a sua nutrição? JM: Cada detalhe no novo ciclismo é importante. A soma dos pequenos detalhes torna-se essencial já que, no nível mais alto de competição, 1% (de diferença entre os ciclistas) pode ser a causa da vitória e com um grande peso nesta diferença está a alimentação, que se torna cada vez mais importante, pelo que é tratada com um cuidado crescente. Os detalhes são importantes, mas a alimentação é algo mais que um detalhe, é vital. Existem cada vez mais dietistas e nutricionistas a fazer parte de muitas das equipas importantes.
PCM-PT: A Team Lampre Merida sofreu muitas mudanças nesta temporada mas está a ter um bom início e já com várias vitórias de diferentes ciclistas. Quais são as suas expectativas para o resto da temporada? JM: O objectivo é simples: tentar ser a melhor equipa do mundo no prazo mais curto possível. É complicado, mas devemos ser ambiciosos, embora saibamos que é difícil. Gostaríamos de fazer um grande Tour de France com o Rui Costa. Vamos dar-lhe todo o que estiver nas nossas mãos para que o Rui seja feliz fazendo o seu trabalho.
PCM-PT: Falando em vitórias, há um nome que está a receber atenção mundial graças à sua estreia na sua equipa: Sacha Modolo! O que pensa sobre ele e o seu potencial? JM: Ele é muito bom e este ano pode ser um dos grandes. Creio que pode estar ao nível do Cavendish ou do Greipel! Tem cabeça, sabe o que quer e tem muita qualidade.
PCM-PT: Rui Costa e Chris Horner são duas contratações especiais da sua equipa! Foi difícil fazer com que escolhessem a sua equipa? JM: Não, a direcção da equipa soube dar o que eles procuravam e quando adaptamos os interesses aos deles, a escolha consegue ser mais fácil. Mas a Lampre Merida é uma grande escolha para qualquer corredor. É uma das melhores equipas do mundo e já o é há 20 anos seguidos.
PCM-PT: Começando pelo ciclista americano, quais são os seus objectivos ao longo da temporada? É conhecida a possibilidade dele correr o Giro D’Italia e a Vuelta a España, não considera que este é um calendário demasiado amplo para quem tem 42 anos de idade? JM: Sim, esse vai ser o seu calendário e não, não creio que seja um calendário muito longo já que, depois do Giro, praticamente não vai competir até à Vuelta a España. Não é um mau programa e está bem estudado para que não tenha demasiada intensidade em competição.
PCM-PT: Agora uma pergunta sobre o Campeão Mundial, o que espera dele nesta temporada? Espera que ele vença alguma corrida em particular? JM: Ele é muito bom e não falo só do lado desportivo! Tem um planeamento muito competitivo e ambicioso, mas nada carregado. Vai ser o nosso líder em todas as provas em que participar porque acreditamos nele, deu-nos motivos e resultados para que assim o seja.
PCM-PT: Mas a Lampre Merida não se resume só a estes ciclistas e existe uma nova geração de ciclistas talentosos na sua equipa. Pensa que Jan Polanc e Mattia Cattaneo, por exemplo, vão ter oportunidade de mostrar o seu potencial? A que outros nomes devem os adeptos prestar atenção? JM: Claro, não existem só estes ciclistas e os que indicas são os ciclistas do futuro, são os nossos talentos. São ciclistas entre algodões, sem pressão e sem pressas mas com um grande calendário, para que saibam como é o melhor ciclismo mundial e as corridas em que vão brilhar daqui a alguns anos. São os nossos sonhos, as nossas expectativas e queremos educá-los desportiva e profissionalmente. Há que ajudá-los sem qualquer tipo de pressão. Outros nomes a prestar atenção são Wackerman, Bonifazio, Anacona, Conti, Pibernik…
PCM-PT: Como nós somos uma comunidade portuguesa, esta é uma questão que nos interessa bastante. Existe a possibilidade da Lampre Merida participar na Volta a Portugal? E podemos esperar mais ciclistas portugueses na vossa equipa num futuro próximo? JM: Sinceramente, devido à planificação da época desportiva de 2014, vai ser muito difícil participar na Volta a Portugal. Sempre foi uma corrida muito importante para a Lampre mas este ano complica-se, em grande parte devido à localização temporal da prova, e porque o calendário World Tour está cada vez mais extenso. E se vão ver mais corredores? Talvez.
PCM-PT: Esta questão não é relacionada com a Team Lampre Merida mas sim com a Geox-TMC, a sua última equipa. Porque é que esta equipa terminou depois de um ano de sucesso? E o quão especial foi vencer a Vuelta a España com o Cobo? JM: Por falta de pagamento da TMC. Ao não pagar os seus compromissos e contratos assinados, a Geox não pode assumir o pagamento da sua parte mais a da TMC. Graças a eles ficámos sem a continuação de uma grande equipa.
PCM-PT: Uma última pergunta relacionada com o ciclismo. Se pudesse escolher qualquer ciclista do planeta para fazer parte da sua equipa na próxima temporada, com quem gostaria de assinar contrato? JM: Ufff, tantos… Sagan, Cancellara, Valverde, Contador, Boasson Hagen… Se bem que, pelo que promete, o Sagan seria a opção mais acertada. Mas também assinaria com grandes talentos jovens que vão aparecer em breve.
PCM-PT: A sua vida não se resume apenas ao ciclismo. Quem é o Joxean Fernández Matxin fora deste mundo? O que gosta de fazer e quais são os seus interesses? JM: A minha paixão é o ciclismo, não entendo a minha vida sem ciclismo. Nos meus tempos livres vou assistir a todas as provas que posso de todas as categorias! Tenho uma mota para as fazer, ajudo nos cruzamentos, na cronometragem e adoro ver jovens ciclistas. Adoro o cinema de acção e as comédias mas também gosto de estar com a minha família e com os amigos. Adoro futebol e sou fã do Athletic de Bilbao.
_________________
Editado pela última vez por Jardas em 07 Abr 2014, 23:43, num total de 2 vezes.
|