Infelizmente não tive oportunidade de votar no duelo anterior e tenho pena porque é bem interessante olhar para aqueles dois corredores.
Lendo os comentários, guardo uma memória um bocadinho diferente do Tour de 2008. A CSC, entre a US Postal e a Sky, foi a equipa que mais dominou uma edição da Volta a França. A nível de resultados, e sem sequer ir ver, acredito que tenham vencido a juventude com o Andy e a classificação coletiva. Para além disso venceram pelo menos uma etapa, andaram de amarelo com mais de um ciclista e o Sastre levou a geral. Mas quando falo em domínio nem me refiro aos resultados. A CSC dominou as etapas de fio a pavio. Cancellara, Sorensen e Voigt foram gregários de alto nível e Andy, Frank e Sastre davam luta a qualquer um. Tenho dúvidas em afirmar que o Sastre era o líder da equipa. Pelo menos o único líder. Era o que mais garantias dava a subir, certo, mas também era o que menos dava no contra relógio em teoria. Durante 3, 4 anos ele foi apontado à geral mas a montanha nunca foi suficiente. Aliás, de 2007 para a frente o Sastre nunca foi indiscutivelmente o melhor na montanha. É um exercício perigoso de memória, mas quase que posso afirmar que, à excepção de 2008, mesmo se não houvessem cronos no Tour o Sastre nunca teria sido o vencedor. Ele era forte na montanha, mas nem era forte o suficiente para colmatar as suas debilidades no crono, nem para, por si só, ganhar um Tour. Em 2008 acabou por conseguir, com todo o mérito, mas em circunstâncias particulares. O Frank era o camisola amarela. A CSC tentou agitar com o Sastre e não houve ninguém a ir com o espanhol. Meio por falta de capacidade, meio por estarem preocupados com o Frank. Muitas vezes (quase todas, até) é normal a existência de 2 líderes (que na CSC quase podiam ser 3) trazer problemas, mas o Riis esteve muito bem ao dar a liberdade ao Sastre para mexer. E ganhou bem ganho. Relendo o que escrevi, parece que menosprezo o Sastre mas não se trata disso. Possivelmente, não assisti aos melhores anos dele, tendo acompanhado a sua carreira numa fase em que ele tinha um pouco a aúrea de ser um dos melhores trepadores do mundo mas poucas vezes era realmente dominador na montanha e conseguia mostrar essa superioridade. O facto de ser péssimo contra-relogista, por exemplo por comparação com o Evans ou o Menchov, fez com que tivesse a sua capcidade de trepador sobrevalorizada a meu ver. Sem dúvida que foi um dos melhores, mas nunca chegou a ser o melhor. Era tão forte como os melhores, em 2008 mostrou-o e fez o contra-relógio da sua vida e venceu o Tour (crono onde o Frank, por exemplo, esteve péssimo).
Sobre o duelo, eu voto Schleck. O estilo "de trás para a frente" do Sastre a subir marcou muitas tardes dos meus verões, mas o Frank também subia muito bem e era excepcional nas provas de um dia. Se a sua carreira tivesse sido gerida de outra forma poderia ter um palmarés bem superior. Mas isto é um "se" e pouco vale. Foram ambos muito bons, qualquer um merecia passar. Vamos ver até onde o Sastre pode ir.
Nesta é Zabel.
|