CandidoBarbosaPT Escreveu:
Taki Escreveu:
42 pessoas mortas por uma arma comprada legalmente suporta que tese ao certo? Não entendi, legitimamente.
O Trump fala bem de saúde mental? Pá, sure, é um tópico a abordar...mas em Portugal e no resto do mundo também há wife beaters e gajos agressivos como o gajo que cometeu este atentado. Em nenhum dos 50 países mais desenvolvidos do mundo há problemas com homicídios por armas...excepto nos Estados Unidos e na Argentina que é a última na lista e viu os números a começarem a descer depois de introduzirem legislação contra o porte de armas recentemente. Hum... Talvez mental health não seja o factor número um a abordar. Existirem 113 armas legais por cada 100 habitantes não pode ser a causa principal, não?
Até porque quem quer fazer um atentado só o faz com armas legais... Não é possível comprar no mercado negro nem nada...
Mas sobre as armas sabes o quão antiga é a constituição dos EUA? Se não sabes, eu digo-te é de 1787. Até que ponto é que lá, mais especificamente na 2ª emenda se estabelece a "legalidade" das armas para os dias de hoje... É uma constituição com uma escrita bastante arcaica que fala numa milícia para defender o território... Nessa altura quando ainda havia o perigo dos índios, dos ingleses, etc...
Sabes o que é preciso para alterar a constituição? Se não sabes eu digo-te. Maioria de 2/3 no Congresso e na Câmara dos Representantes e ser ratificada por 3/4 dos estados.
Já para não falar da influência que têm os lobbies... e de que há atentados com armas que nem são estabelecidas ou reguladas por lei...
É que cada vez que há um atentado se fala nas armas, na 2ª emenda e parece que ninguém tem noção do quão difícil é alterar alguma coisa perante a rigidez da constituição...
Malta, era aqui que eu queria chegar. O facto é que os argumentos que vi por parte de americanos a favor das armas são de facto estes que o CandidoBarbosaPT aqui refere.
Primeiro, não interessa para nada se a arma usada para isto foi legal ou não foi. Ou se no caso de se tornar esta venda ilegal, se não se continuará a ser possível de obter isto no mercado negro. Claro que sim, mas há uma diferença: quantidade de acesso.
Neste momento tu vais a um supermercado e tens munições à venda. Qualquer loja te vende uma arma, até um certo calibre, das autorizadas. Qualquer dealer mais excêntrico a que se dê uma palavrinha vai também vender armas automáticas ou coisa do género pela porta do cavalo se for preciso. E havendo quem o faça nas lojas, também há quem o faça fora delas.
Havendo legislação para o controlo das armas, o que vai acontecer é que o acesso a armas (de calibre maior ou não) é dificultado ao comum dos mortais, e ao incomum também. Fica a estar acessível a um grupo restrito de pessoas com conhecimentos no mercado negro e cuja rede pode facilmente ser controlada pelas autoridades (e logo quem). Se há menos acesso, menos interesse eu vou ter em comprar porque mais trabalho me vai dar a adquiri-la. Mesmo que queira cometer um acto desse género, vou ter de recorrer a pessoas tão sketchy que essencialmente denunciam que eu tenho intenção de levar a cabo uma coisa dessas. O que não é o caso actualmente, porque um gajo traz um arsenal para casa como quem vai ao Lidl comprar minis.
Vejamos o exemplo do UK, que outrora também permitia uso de armas aos seus cidadãos, durante algo como 3 séculos (e se formos bem a ver esse direito sob outra forma - da mesma forma e segundo as mesmas palavras que está na Constituição americana - já vinha do séc. XII), e foi introduzindo gradualmente legislação para fazer esse controlo, legislação essa que era pensada depois de certos incidentes. Os primeiros eram mais para anular rebeliões ou por aí fora, mas vamos aos destaques:
Em 1903 limita-se a venda de pistolas a quem não tivesse licença ou tivesse intenção de a usar fora da sua propriedade. Pouco eficaz. Basicamente só se tinha de comprar a licença. Objectivos principais: evitar armas nas mãos de crianças ou bêbados. Quem vendesse armas a menores ou pessoas visivelmente embriagadas era multado. Até aqui tudo ok.
1920: Quantidade gigantesca de armas disponíveis após a 1ª Guerra Mundial. Algum receio de motins, guerra com o IRA original na Irlanda. Passou a requerer-se um certificado que não só indicava a arma como a quantidade de munição que determinada pessoa era autorizada a ter ou comprar. Isto era decidido pelas autoridades locais, com algum conhecimento da comunidade, já para evitar que certos malucos pudessem ter acesso a armas. Requeria também que os candidatos ao certificado dessem uma razão válida para justificar a posse de arma.
1937: Auto-defesa deixa de ser uma razão válida para essa justificação. 'Armas de fogo não podem ser consideradas um meio adequado de protecção dado que constituem uma fonte de perigo'.
1968: Quem possui arma tem de a guardar num armário trancado, separado da munição, de forma a não constituir perigo. Pessoas anteriormente condenadas a penas de prisão eram impedidas temporariamente ou permanentemente de se candidatarem a um certificado.
Em 1987 dá-se o massacre de Hungerford, que se excluirmos os atentados à bomba do IRA, foram o primeiro grande incidente desse género no UK desde 1840 a essa parte. Massacre é cometido por um indivíduo que tinha certificado de posse para 2 caçadeiras, 3 pistolas e duas espingardas semi-automáticas. Proibição total de emitir certificados para determinados tipos de arma.
1997. Novo massacre numa escola. Todas as restantes armas passam a ser proibidas à excepção de armas desportivas.
A juntar a isto muito mais legislação a um nível mais pequeno tem sido introduzido gradualmente para reduzir o incentivo ao acesso a armas de fogo. E basta irem ver as estatísticas em relação a mortes por armas de fogo por ano para perceber que há ali uma certa correlação. O próprio facto de unicamente um grupo muito restrito de polícias andarem com armas de fogo tem a ver com o facto de evitar tiroteios, confrontos, ou quaisquer outras situações que possam evitar mortes tanto de civis, criminosos ou polícias. No caso de haver um incidente de alguma magnitude, chama-se uma equipa de intervenção que aí sim, terá armas de fogo.
Tudo isto para dizer que aparentemente esta óptica de "comportamento gera comportamento" parece que tem resultado, dado que até aqui nos crimes relacionados com gangues em Londres a arma mais usada neste momento é ácido fabricado através de produtos de limpeza, dado que é praticamente a única coisa a que essa gente consegue ter acesso nos dias que correm. Uma arma numa multidão de gajos armados é só mais uma, mas uma arma numa multidão em que nem a polícia usa armas, dá um estrilho descomunal.
Quanto ao estar na Constituição...é sabido que está, mas isso só prova que é só mais um documento velho, tal como a Bíblia e o Corão, que estão desactualizados e precisam de reformas. Tenho a certeza que boa parte das Constituições de boa parte dos países sofreram revisões desde então e não sofreram com isso. Aliás, da Bill of Rights americana o 2nd Amendment não é o único que claramente já não faz sentido nos dias de hoje e que foi escrito a pensar num mundo que já não existe. É preciso é haver vontade de mudar. Mas esteja quem estiver no poder, é teoricamente quase impossível para qualquer governo americano mudar o que quer que seja.
untal Escreveu:
Para isto não ser um post inútil: e que tal os Paradise Papers? Até a rainha de Inglaterra tem uns trocos em paraísos fiscais. Aposto que daqui a uma semana já nenhum orgão de imprensa toca no assunto.
Qual para a semana...amanhã ou depois já há outra história. E há malta do Governo com mais trocos lá do que a Rainha e com interesse que isso não venha cá para fora.