Kazam Escreveu:
Honestamente, acho que isto é uma daquelas vezes em que me espanta o quão mal intencionados os media podem ser. Conseguem desvirtuar completamente a intervenção do homem e vira-la de pernas para o ar, e é um fogo que se espalha mais rápido do que qualquer esforço para o apagar.
De acordo, mas acho que a má intenção que referes não é propriamente má intenção, é apenas o corolário da busca da receita imediata.
Quando vi a imagem nas redes com a frase escandalosa fiquei irritado. Vi a declaração no telejornal e mais irritado fiquei. Depois vi sem estar cortado e percebi que o seu ponto foi tirado completamente do contexto. Imagino que isto seja a evolução do clickbait para o ragebait, as interações nas redes dão dinheiro, seguidores e mais interações futuras, as TVs querem passar as coisas mais impactantes para terem mais audiências e terem mais vantagem na negociação da publicidade. E toda a gente de todas as orientações políticas cai nisto uma vez ou outra, aparentemente.
O ministro não quis dizer que os pobres estragam mais, quis dizer que há provas de que as chefias e as gestões médias se mexem mais rápido se houver gente com poder prejudicada. Isto foi evidente quando roubaram o computador do filho do primeiro-ministro, se fosse o meu bem que tinha ficado sem ele e não foi porque o PM ligou para a polícia de Nevogilde, foi uma consequência orgânica do ser humano atender mais rápido e com mais vontade os problemas de quem é mais poderoso. O modelo que ele "propôs" é usado em países ditos progressivos. Achar que ele disse que os pobres são uns vândalos é legítimo, mas não dar o benefício da dúvida é má-fé ou ter visto a intervenção cortada. Toda a gente se engana e se expressa mal às vezes, são coisas que acontecem. Porém, e é uma pena que eu não tenha contacto com o sr. ministro, como eu concordo tanto com esta ideia que ele expôs, acho que ele devia propor aos seus colegas ministros a nacionalização de todos os hospitais. Assim todos eram do SNS e as pessoas de classe alta eram obrigadas a ser tratadas lá, o que geraria, segundo a ideia do ministro, uma melhor gestão do mesmo SNS que nos beneficiaria a todos. Infelizmente isto ia tirar muito dinheirinho a muitos amigos dos amigos dos ministros. É uma pena que estas boas ideias só possam ser executadas se não tirarem capital a quem o tem de sobra.
Mas pronto, os editores que não queriam induzir em erro as pessoas já foram sanados dos jornais e agora quem decide nas redações são pessoas colocadas lá pelos decisores bem pagos que nada produzem e o objetivo desses editores é atingir os KPIs - se for preciso interpretar de má fé? ups, foi engano.