Com o Euro à porta outra questao.
Quais os melhores e piores Euros que viram na vossa opiniao e porquê?
Aviso: Isto vai ser um longo post ao estilo mais old school desse membro Alaska, por isso ainda antes de começar deixo um tl;dr
1 - 1984
2 - 2000
3 - 2012
4 - 2008
5 - 1992
6 - 2004
7 - 1988
8 - 1996
9 - 1980
Agora só para quem tenha interesse, paciência e tempo livre aqui vai a longa explicaçao.
Meu ranking pessoal de todos os euros desde que existe fase de grupos menos o último (Obviamente os primeiros nem vi em directo mas vi todos os jogos posteriormente por isso nao sao coisas nao fundamentadas).
1 - Euro 84
Um europeu com várias equipas a grande nível. Quadrado francês no auge, sobretudo Platini, Giresse e Tigana mas também o próprio Luis Fernandez mais de luta, mas também a bom nível. Dinamarqueses também a grande nível na maior parte dos jogos surpreendidos pelos aguerridos Espanhois em penalties nas meias finais. Mesmo equipas eliminadas na fase de grupos como a Bélgica e Alemanha jogaram bom futebol. A equipa alema nao era tao diferente das dos mundiais 82 e 86 que tinha sido finalista vencida em ambos os mundiais.
Além disso, emoçao até aos últimos minutos em todos os jogos decisivos.
Num dos grupos Alemanha encontrava-se a 10 minutos do final da fase de grupos em primeiro e seria apurada juntamente com a Espanha em segundo, até que Nené marca por Portugal contra a Roménia e Portugal passa de estar eliminado a primeiro do grupo e de súbito a Espanha caía fora do europeu, até que no último minuto do jogo espanhol o excelente líbero Maceda marca pela Espanha contra a Alemanha e de repente, a Espanha que estava fora passa a ser primeira do grupo e a Alemanha que a 10 minutos do fim era primeira do grupo acaba por nao passar da fase de grupos.
No outro grupo a França passeou o seu futebol e já estava apurada, mas um Bélgica-Dinamarca decidiria a outra apurada. Os belgas favoritos, uma equipa habituada a bons resultados nos anos 70/80 tanto a nível de seleçoes como clubes e uma Dinamarca que nao era relevante desde a segunda guerra mundial mas que neste torneio apresentou um futebol muito interessante liderado pelo excelente líbero Morten Olsen e onde já começava a aparecer um jovem Michael Laudrup que com 19 anos já jogava na melhor liga do mundo, a Serie A, o que no pré-Bosman nao era comum. A Bélgica parecia fazer valer a sua experiência, embora também com algum jovem como é o caso do excelente playmaker Enzo Scifo aqui na sua primeira competiçao internacional, e colocou-se 2-0 na frente do marcador o que eliminaria a Dinamarca, nao fosse este torneio propício a cambalhotas no final, com a Dinamarca a dar a volta, vencendo 3-2 com o golo decisivo marcado por Elkjaer Larsen e qualificando-se.
Nas meias finais um dos jogos geralmente considerados no top de melhores jogos de sempre em europeus. França eliminou Portugal 3-2 num jogo em que Portugal conseguiu uma primeira reviravolta, apenas para permitir em seguida outra aos franceses.
Portugal eram os claros underdogs nao só porque defrontavam o anfitriao que vinha de ser semi-finalista do mundial anterior, mas também porque já nao se classificavam para uma fase final desde 1966. Uma qualificaçao conseguida depois de ganhar 1-0 à Uniao Soviética num roubo de igreja num relvado encharcado com um penalty por nao-falta fora da área! Mas qualificaçao é qualificaçao e lá estavam os portugueses a tentar chegar o mais longe possível quando ninguém acreditava!
A França domina a maior parte do jogo mas os portugueses inspirados pelos slaloms de Chalana, a garra de Joao Pinto, as defesas de Bento e os golos de Jordao vêm-se a vencer 2-1 e tentam de forma excessiva aguentar até que cheguem os penalties. Nao resultou e a França ganhou 3-2, mas nao deixou de ser um excelente resultado. Em 19 fases finais de Europeus e mundiais até esse momento, Portugal só se tinha qualificado para 2 delas, mas tinha conseguido chegar às meias finais em ambas.
Na outra semi-final, houve menos emoçao a nível de golos mas nao a nível do jogo jogado, com várias ocasioes de parte a parte, muitas defesas de ambos os guarda-redes. A Dinamarca marcou cedo e teve oportunidades para dilatar o marcador. Na segunda parte a Espanha mandou no jogo e empatou. No prolongamento, ninguém esperou os penalties, algo que nenhuma destas equipas saberia fazer, mas os guarda-redes destacaram-se e o jogo foi a penalties onde Elkjaer Larsen, destacado jogador dinamarques, falharia o penalty que deu a vitória à Espanha.
A final foi menos espectacular, sobretudo a primeira parte com o meio campo francês a controlar a posse de bola mas sem criar muito perigo e os espanhóis em contra-ataques rápidos quase marcavam. Na segunda parte, um livre mal executado pelo Platini e um frango de Arconada, abriu o marcador. Um dos melhores guarda-redes que Espanha teve e que infelizmente para eles teve também percalços no mundial 82. A Espanha viu-se obrigada a ter de ir em busca do prejuízo e nao tinha a mesma capacidade criativa. A velocidade dos extremos era sempre mais adequada a contra-ataques. O ponta de lança Santillana muito forte quando bem servido pelos extremos revelou-se algo insuficiente rodeado por uma equipa adversária que estava satisfeita com a vantagem que tinha.
O melhor jogador do torneio (com todas as reservas que possa ter dizer isto quando Platini marcou 9 golos em 5 jogos), Jean Tigana, matou o jogo num contra-ataque no último minuto, quando a França jogava com 10, depois de mais uma de mil recuperaçoes seguida de corrida de meio campo e assistência a desmarcar Bellone que fechou a contagem.
O vértice anterior direito do quadrado de meio campo francês tinha tudo. Incansável, visao de jogo incrível, posicionamento perfeito, qualidade de passe, capacidade de antecipaçao e desarme, classe, toque de bola. E esteve num excelente momento de forma. Spain never stood a chance.
A todos os níveis, a minha competiçao favorita de selecçoes (mais curta é certo, mas tudo contava).
2 - Euro 2000
O Euro 2000 teve várias coisas em comum com o de 84. França campea, uma surpreendente selecçao portuguesa a chegar às meias-finais depois de falhar o mundial anterior, uma Alemanha a nao passar da fase de grupos (mas aqui apresentando um nível muito mais baixo), e algumas coisas totalmente opostas como o facto de termos uma forte geraçao Dinamarquesa agora a dar as últimas, com a maioria dos jogadores talentosos dos anos 90 a terem-se já retirado da seleçao e que mostrou muito pouco futebol para pena de Schmeichel que teve imenso trabalho nesta curta presença.
Outra coisa que teve em comum é que houve grandes jogos tanto do ponto de vista técnico como a nível de emoçao sob forma de reviravoltas e incerteza até final.
Portugal e Roménia começaram por eliminar a Inglaterra e Alemanha na fase de grupos para gaudio dos fas neutros. A Inglaterra nem jogou mal mas foi vítima de reviravoltas tanto contra Portugal (2-0 a 2-3) como contra a Roménia (2-1 a 2-3). O futebol alemao nao teve defesa possível e até Oliver Kahn que viria a levar uma igualmente limitada equipa alema à final do estranho mundial 2002, parecia pouco motivado com tamanha falta de personalidade da sua equipa "ajudando" Sérgio Conceiçao a um hattrick na vitória 3-0 de Portugal B. Enquanto isto acontecia, no outro jogo um penalty romeno no final do jogo completava a reviravolta mencionada acima, e os romenos mandavam os ingleses para casa.
No grupo B, italianos em serviços mínimos apuravam-se para a fase seguinte enquanto que Turquia eliminava a Bélgica no último jogo com Hakan Sukur a bisar depois de anos a ouvir que tremia quando os jogos eram a doer.
O Grupo C teve 3 equipas que faziam tudo por conseguir marcar mais golos que o adversário e uma que era exactamente o contrário. Os jugoslavos (que por esta altura incluiam Sérvia e Montenegro) conseguiram empatar a 3 um jogo que estiveram a perder 3-0 com a Eslovénia, e na última jornada quase a deitaram a perder quando permitiram que a Espanha desse a volta a um jogo que estava 3-2 já nos descontos. Nao deitaram tudo a perder porque a Noruega necessitaria de ganhar à Eslovénia e a criatividade norueguesa era... estereotipicamente noruguesa. 0-0. Jugoslávia progrediu.
O Grupo D tinha 2 grandes equipas, Holanda e França. Os checos eram também parte deste grupo e bastante tidos em consideraçao por esta altura, mas derrotas pela margem mínima com os outros 2, tornaram a vitória final sobre os fracos dinamarqueses irrelevantes. As 3 equipas escandinavas estiveram presentes no europeu mas demonstraram todas muito pouco. Este foi um europeu para equipas de passe e técnica e a maior parte das seleçoes do norte teve bastantes dificuldades. (AHHH Good Times)
Nos quartos de final, a falta de capacidade defensiva jugoslava continuou a ser exibida contra uma máquina de futebol holandesa. Franceses eliminaram espanhóis que ainda nao tinham o estilo de jogo que se viria a tornar característico uns anos depois. Portugal e Itália eliminaram Roménia e Turquia sem problemas de maior e as 4 melhores equipas da fase de grupos estavam nas meias-finais.
As meias finais voltaram a ter mais uma coisa em comum com o euro 84 que foi um prolongamento entre Portugal e França, tal como em 84, França vinha de um grande mundial, neste caso campeao, e Portugal vinha de falhar o apuramento para esse mesmo mundial. E tal como no caso de 84, os franceses foram mais fortes durante o jogo, mas podiam ter perdido tendo havido um par de ocasioes perto do final em que Portugal poderia ter conseguido o surpreendente apuramento. No prolongamento acabou por vencer a França com um penalty óbvio que o patriotismo bacoco nao quis aceitar.
No outro jogo de forma muito caricata, a Holanda domina o jogo todo mas falha 5 penalties (2 deles no tempo regulamentar) e a Itália é apurada em penalties.
Na final, a França atacou mais mas foi a Itália a por-se em vantagem e Del Piero incrivelmente desperdiçou o que seria o 2-0 que teria certamente aniquilado o jogo. Nao o marcou e o genial Zidane apoiado por todas as substituiçoes de Lemerre salvou o europeu para a França. Wiltord empatou o jogo mesmo no final e os outros 2 suplentes, Pires e Trezeguet construiram o Golden Goal que estará certamente na memória de todos os que viram este brilhante europeu.
3 - Euro 2012
Este europeu teve maioritariamente equipas habituadas a estas andanças com os organizadores polacos e ucranianos a serem os menos habituais, junto com a Irlanda que ganhou fas worldwide pela forma de continuar a apoiar a equipa enquanto eram invariavelmente aniquilados por toda e qualquer oposiçao. Nenhum dos 3 passaria da fase de grupos.
Curiosamente mais uma meia-final para Portugal, mas neste caso, mais esperada e menos entusiasmante para os neutral fans.
Foi o europeu que marcou o final do domínio espanhol durante meia década a quem ninguém conseguia fazer frente. Claramente a melhor equipa do mundo por esta altura, viria a colapsar totalmente 2 anos depois.
A fase de grupos nao teve demasiadas surpresas apesar de em geral bastante equilíbrio tirando talvez a qualificaçao da Grécia sobre a Rússia que tao bem tinha estado em 2008, mas nao seria a primeira vez que os gregos eliminavam outras equipas sem jogar demasiado.
Houve alguns bons jogos neste europeu e algumas equipas a bom nível como a Alemanha, e ver o Pirlo naquele meio campo italiano foi sempre um prazer mas acima de tudo a razao porque pessoalmente o coloco tao acima nos meus rankings é pelo nível de jogo espanhol que sempre foi um estilo de jogo que gerou amores e ódios. Pessoalmente sendo alguém que gosta de futebol de posse (técnica e passe), terei sempre maior prazer que vendo atletas a correr os 110 metros barreiras num campo de futebol. A liçao de futebol na final à Itália é algo absurdo. A possibilidade de ver em simultâneo gente com a qualidade de toque e entrosamento que tinham Piqué, Alba, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta, David Silva e Fabregas entre outros é algo que nao acontece muitas vezes.
Tal como o Mundial 70 é muitas vezes tido em conta como o melhor mundial de sempre apesar de uma equipa ter estado muito acima das outras, aqui passa o mesmo. A perfeiçao nao existe, mas essas 2 equipas estiveram perto.
4 - Euro 2008
O primeiro dos 3 títulos espanhóis de rajada, um estilo de futebol parecido mas na altura ainda nao tao concentrado na rotaçao a meio campo, havendo ainda jogadores que eram claramente avançados e nao falsos avançados como Villa e Torres. Xavi a nível imenso e até hoje me chateia nunca ter ganho um balon d'or.
Uma surpresa pela positiva foi a Turquia que teve vários jogos impróprios para cardíacos (para quem quiser saber como terminam os jogos da Turquia), visto que eliminou a República Checa na fase de grupos num jogo em que a 15 minutos do fim perdiam 2-0 e a 3 minutos do fim ainda perdiam 2-1 e acabaram por ganhar 3-2. A República Checa é uma seleçao que passou na verdade os anos 2000's a ser underachievers embora também seja verdade que tiveram alguns problemas com lesoes em jogadores chave em fases finais. Independentemente disso tinham equipa para ter passado mais que 2 vezes da fase de grupos em 6 oportunidades em toda a década.
Continuando a questao da Turquia ainda tiveram mais 2 jogos decididos no fim, eliminando a Croácia em penalties num jogo em que empatam nos descontos do prolongamento até terem sido finalmente batidos pela Alemanha também no último minuto de um jogo que terminou 3-2.
A Alemanha nao sendo nem de perto tao forte como tinha sido no passado nem como voltaria a ser no futuro foi uma equipa que esteve bem, tal como a Croácia a quem sempre me pareceu faltar firepower, e claro, a Rússia que lhe faltava a capacidade de tranquilidade organizativa da Croácia, mas que foi sempre muito perigosa nas subidas de Zhirkov e nos slaloms do Arshavin e um par de bons criativos. Eram sem dúvida a melhor equipa "soviética" desde os ucranianos do Dynamo Kyiv em finais dos anos 80.
Só voltando às equipas que destacaram pela negativa por um momento, a França pos-Zidane a deixar bastante má imagem com os veteranos que iam sobrando junto aos novos jogadores claramente longe do nível da geraçao anterior.
No entanto, no cômputo global pareceu-me um bom europeu.
5 - Euro 92
O Europeu ganho por uma equipa nao classificada para o mesmo. Só aconteceu essa vez e nao é o tipo de coisa que se possa prever que aconteça muitas vezes. Jugoslávia excluída, portanto veio a Dinamarca, segunda do seu grupo de qualificaçao.
Só por isso já é uma história interessante. Nunca um guarda-redes foi tao importante na vitória de uma competiçao internacional por uma equipa. Schmeichel levou esta equipa ao colo, equipa que nem sequer contou com o seu melhor jogador na altura, Michael Laudrup.
Sidenote: A Jugoslávia por esta altura tinha dos melhores planteis que existiam no mundo do futebol. Dividir o país em vários privou-nos de uma candidata nao so ao euro 92, como a todas as competiçoes internacionais dos anos 90. Eliminados nos quartos de final do mundial 90 pela finalista vencida Argentina de Maradona em penalties com uma equipa jovem, viram depois a vitória do Estrela Vermelha na taça dos campeoes de 1991 e o apuramento fácil para este europeu.
Como o futebol nao é tudo na vida, ficam os ses.
Este é o primeiro europeu que descrevo em que Portugal nao participou. Portugal por esta altura era uma equipa que alternava entre ficar em segundo e terceiro de fases de grupos e considerando que os europeus tinham só 2 grupos de 4, podiamos esperar sentados.
No seguinte com a abertura a 16 equipas e uma equipa mil vezes melhor já se poderia participar.
A fase de qualificaçao para este europeu apesar de tudo até correu bem com o segundo lugar depois de 5 vitórias em 8 jogos (4 delas por 1-0 contra adversários da craveira de Malta, Grécia e Finlândia mas também uma contra a Holanda, também 1-0 que é das minhas primeiras memórias da seleçao portuguesa). Esta era a Holanda de Gullit, Van Basten, Rijkaard, Koeman e um Bergkamp de 23 anos que ainda nao tinha saído do Ajax. Tinham vencido o Euro 88, e metido água no Itália 90 que é o pior mundial da história para qualquer pessoa que goste de ver equipas subirem no terreno com mais de 4 jogadores. But I digress... Voltando ao euro 92.
A Suécia, equipa da casa, tinha o jovem Brolin já no Parma e já começava a aparecer a muito bom nível embora conseguisse o peak com apenas 24 anos no mundial 94 em que foi decididamente um dos melhores jogadores do mundial. Aproveitaram o factor casa para qualificar-se para as meias finais junto com os vizinhos dinamarqueses já mencionados eliminando a Inglaterra e a França. Nenhuma destas 2 conseguiria sequer qualificar-se para o mundial 94. A Inglaterra era uma equipa nada de especial. A França tinha algumas individualidades mas falharam por serem pouco equipa. Felizmente para eles, logo em seguida os excelentes (A club level) Cantona, Sauzee e Papin, todos vencedores de taças de campeoes europeus, foram encostados e substituidos por Djorkaeff e sobretudo Zidane a partir de 1995 e as coisas começaram a mudar.
No outro grupo, Alemanha, Holanda eram favoritos contra Uniao Sovietica (Agora CIS) e Escócia e assim se verificou. Na última jornada a Uniao Soviética no entanto ainda podia passar se ganhasse à Escócia mas perdendo 3-0 foram eliminados. Já em 1990 nao tinham passado da fase de grupos e o mesmo ocorreu em 1994 e 1996 (estas últimas já como Rússia). A grande seleçao dos anos 80 claramente já nao estava.
Nas meias finais os anfitrioes nao puderam com os campeoes do mundo enquanto os vigentes campeoes europeus eram eliminados em penalties pela surpresa dinamarquesa (conhecidos como os veraneantes visto que reza a lenda que vários destes jogadores já estavam de férias em ilhas paradisíacas, algo que provavelmente nao será verdade, mas sao as histórias que ficam).
O nível desta seleçao alema era forte, mas a idade estava já no limite do auge. O pico mesmo teria sido em 1990. Quando em 1994 sao eliminados pela Bulgária 3-0 nos quartos de final com uma equipa muito parecida à de 1992, temeu-se a necessidade de uma renovaçao extrema, mas entre os mais jovens de 94 e alguns novos, ganharam o europeu 96. O futebol sao 11 contra 11 e no final ganha a Alemanha.
Independentemente disso continuavam a ser os grandes favoritos à vitória, e a épica epopeia da Dinamarca já tinha sido suficientemente brilhante ao chegar à final. Agora certamente perderiam, excepto que Schmeichel nao estava interessado nisso e os dinamarqueses motivados pela segurança que lhes dava o seu guarda-redes e pelos raides do mais jovem dos irmaos Laudrup e pela potencia fisica e golos dos seus medios no apoio ao ataque nao só chegaram à final, como também venceram o europeu.
Este europeu nao é extraordinario, mas a história é engraçada.
6 - Euro 2004
A minha principal memória do europeu português é o facto de vários cafés em Vila do Conde terem menu em grego porque os pobres dos gregos em vez de irem como as equipas ricas para sitios chiques ficaram lá alojados. Os seus adeptos que nunca devem ter ouvido falar de Vila do Conde até esse momento, ficaram também alojados pelos poucos hotéis da zona.
O hotel onde ficaram é mesmo ao lado do rio e até hoje, acho que terem de respirar aquele rio Ave diariamente lhes deu poderes mutantes o que ajuda a explicar como ganharam este europeu sem sal a nível do futebol praticado.
Nunca poderei dar rating muito alto a um europeu ganho por uma equipa com o futebol da Grécia, mas decididamente vi europeus piores.
O grupo de Portugal teve um nível baixo. Portugal decididamente nao jogou muito, mas a Grécia jogou menos, Rússia idem. Espanha da seleçao que se tornaria campea 3 vezes seguidas nao tinha mais que Casillas e Puyol. Era outra seleçao e ainda por cima, o final de uma que ja nao tinha sido tao bem sucedida quanto isso.
Podia ter sido uma campanha mais deprimente para o anfitriao se Portugal nao tem ganho o último jogo porque iria para casa, mas o golo do Nuno Gomes à Espanha lá salvou a situaçao.
O grupo B foi bem mais interessante com bons jogos entre Inglaterra, França e Croácia.
O C teve um interessante final com o golo sueco a acabar o jogo que os apurou e tornou o golo do Cassano irrelevante. Ainda mais curioso, por o Ibrahimovic também ter empatado o jogo contra a Itália na parte final na jornada anterior.
O D teve um grande jogo que foi o Holanda Republica Checa.A Republica Checa começou a perder todos os jogos e acabou por ganhar todos (3-2 a Holanda, 2-1 a Letonia e 2-1 a Alemanha, que já nem valia Kahn para salvar uma equipa que já nao era top, mas que tinha os primeiros passos dados na renovaçao com o Lahm já a começar a dar nas vistas na lateral esquerda)
A partir da fase a eliminar é onde começa a aborrecer-me o torneio com a Grécia a eliminar toda a gente por 1-0. Houve pelo menos esse épico 2-2 entre a Inglaterra e Portugal com o Rui Costa que perdeu o lugar junto com outros da geraçao de ouro para a geraçao Mourinho, a vir do banco para marcar um golaço. Deve ter sido a última vez que celebrei verdadeiramente um golo da seleçao portuguesa.
Again, nao é o pior, mas a Grécia chateia-me.
7 - Euro 1988
Este Euro é conhecido por ser a única vitória em várias finais da laranja mecanica e pelo excelente golo do Van Basten na final à URSS.
No grupo A apuraram-se Alemanha e Itália, os primeiros finalistas no mundial anterior e seriam vencedores do seguinte. Tinham uma enorme equipa. Os Italianos estavam já bastante renovados da seleçao campea do mundo de 82 e era agora praticamente a mesma equipa que chegaria as meias finais no mundial 90.
Uma equipa baseada num quarteto defensivo de enorme qualidade.
Dinamarqueses e Espanhois eram as outras equipas do grupo e sempre que se enfrentavam nos anos 80 davam espetaculo e aqui nao foi diferente com o melhor jogo do grupo, mas nem um nem outros puderam fazer nada contra as linhas defensivas claramente de outro nível das melhores equipas do grupo.
No outro grupo, holandeses que nao eram minimamente relevantes desde os anos 70 a nível de seleçoes (embora viessem da taça dos campeoes ganha pelo PSV) apresentavam uma nova equipa onde pontificavam Gullit, Van Basten, Rijkaard e Koeman. Nao tinham estado presentes nas ultimas 3 fases finais mas mesmo assim eliminaram a forte Inglaterra eliminada nos quartos de final do mundial anterior pela campea Argentina, e que chegariam as meias finais no mundial seguinte em 1990.
Foi um resultado na altura, inesperado mas a Inglaterra já tinha perdido com a Irlanda. Quando os Soviéticos ganharam também 3-1 a Inglaterra no último jogo, esta vergonhosa campanha dos ingleses estava terminada. Quanto aos sovieticos apesar de a nível de seleçoes já ha muito nao conseguirem grandes resultados, tinham conseguido estar nos 2 anos anteriores nas meias finais das competiçoes europeias com o Dynamo Kyiv que era a base desta seleçao.
Nas meias finais, os Soviéticos jogavam rapido e directos ao assunto, mas tinham um meio campo de qualidade. Superaram os jovens italianos sem grandes dificuldades. Estes italianos viriam a destacar sobretudo na primeira metade dos anos 90, alguns como Maldini, até bem mais tarde. Os italianos fizeram o possível por anular os soviéticos mas apesar de terem bons executantes como De Napoli, Ancelotti, Donadoni, Mancini e o próprio Baresi nao fizeram muito no jogo.
A Holanda bateu a Alemanha, aqui com surpresa, até porque nao tinham conseguido sequer ganhar à URSS na fase de grupos e se julgava que chegar as meias finais já teria sido uma vitória.
Os Alemaes. Apesar da clara qualidade dos jogadores envolvidos também este nao foi grande coisa. Gullit por esta altura a um nível incrível fez os possíveis para criar jogo, mas a defesa alema esteve sempre muito atenta. Na primeira parte quase nada, e na segunda só os típicos remates de longe do Koeman que nao estavam a ir à baliza até que a Alemanha até inaugura com um penalty ao que a Holanda responde com outro penalty. Quando já se esperava o prolongamento, Van Basten finalmente deu a vitória à Holanda.
A final de Van Basten com 1 assistência para o primeiro golo de Gullit e o tiro de primeira sem ângulo que deu o 2-0 final. Este golo sendo dos mais famosos da história do futebol. A URSS podia ter reduzido de penalty mas Van Breukelen parou-o. O jogo em si também nao foi fantastico.
Um europeu com muitos craques mas de muita luta, pouco discernimento e pouco futebol, mas ainda assim com alguns momentos muito bons.
8 - Euro 1996
Football's coming home, is coming, football's coming home. O europeu em Inglaterra que acabou por terminar para os anfitrioes com um penalty falhado por Southgate contra a Alemanha.
Um terrível europeu com muito pouco futebol e a partir da fase a eliminar, toda a gente à espera dos penalties sem assumir o menor risco na maior parte do mesmo.
Começo no entanto pela parte positiva. Foi a primeira e única caderneta que terminei! Dei um maço enorme de cromos pelo Murat Yakin da Suiça que era o único que me faltava. Coisas que nao se esquecem.
No Grupo A Inglaterra e Holanda eliminaram Escocia e Suiça com o momento alto a ser o golo e consequente celebraçao de Gascoigne à Escócia. A Inglaterra pareceu claramente a mais forte depois da vitória fácil contra a Holanda no último jogo.
No Grupo B França que nao tinha estado presente nos mundiais de 90 nem 94 aparecia com uma equipa algo renovada mas mantendo alguns jogadores do euro 92 como Laurent Blanc, Desailly e Deschamps aos que juntava desequilibradores como Djorkaeff e Zidane em vez dos mais polémicos mas por essa altura, bastante mais reputados, Cantona e Ginola.
Foram apurados junto com a Espanha eliminando Bulgária e Roménia que tinham estado excelentes no mundial mas apenas 2 anos depois apareciam a bastante pior nível.
No Grupo C Alemanha começou a vencer a República checa e a Itália a Rússia o que foi esperado, mas na segunda jornada os checos ganharam à Itália o que adiou a decisao do apuramento para a última jornada.
Aí a República Checa começou bem contra a Rússia já eliminada no mais emocionante jogo desta fase de grupos em que começou a vencer 2-0, em seguida permitiu que a Rússia virasse o jogo o que apuraria a Itália juntamente com a Alemanha mas os checos conseguiram entao reempatar e mandar a Itália para casa visto que estes nao passaram do 0-0 na última jornada.
Uma surpresa para uma República Checa que tinha falhado a presença nas ultimas 2 competiçoes - de resto já nao estava desde que era Checoslováquia.
No estranho grupo D que nao tinha uma única equipa que tivesse estado presente nos últimos 2 mundiais, Portugal, Croácia, Dinamarca e Turquia lutariam pelos lugares de apuramento. A Croácia qualfiicou-se rapidamente com vitórias sobre Turquia e Dinamarca e depois Portugal a quem 1 empate seria suficiente ganhou 3-0 à Croácia no seu melhor jogo na competiçao.
A partir da fase a eliminar começou a derimencia. 4 jogos a penalties nos 6 anteriores à final, 3 deles com 0-0s.
Nos outros jogos a República Checa ganhou 1-0 a Portugal com um famoso golo solitário de Poborsky que qualquer pessoa que o tenha visto recordará e a Alemanha ganhou à Croácia aproveitando um penalty e marcou o 2-1 quando a Croácia já jogava com 10.
A jovem equipa croata daria que falar na competiçao seguinte, o mundial 98.
A final foi igualmente aborrecida. A Alemanha controlou mas criou pouco perigo. Os checos contra a corrente do jogo conseguiram um golo, para nao variar neste torneio, foi de penalty. A Alemanha, que verdade seja dita também nao jogou grande coisa mesmo tendo dominado, meteu Bierhoff e baloes altos para a área. Bierhoff empatou perto do final, e marcou o golo da vitória no prolongamento.
9 - Euro 1980
Neste torneio, o vencedor de cada grupo jogava a final, e os segundos classificados jogariam para o terceiro lugar. Tinha também a parvoíce dos jogos da última jornada nao serem em simultâneo. Coisas que automaticamente me fazem gostar menos do torneio.
No grupo 1, Alemanha ganhou os 2 jogos. A Holanda e a República Checa ganharam ambos à Grécia.
Holanda e Checoslováquia decidiriam quem iria ao jogo de terceiro classificado a menos que ganhasse um deles e mais tarde a Alemanha perdesse com a Grécia o que era bastante improvável.
A Checoslováquia marcou primeiro mas a Holanda empatou. Nao houve mais golos portanto a Checoslováquia que tinha ganho por mais à Grécia ia jogar o jogo de terceiro e quarto classificados.
Portanto, o Alemanha vs Grécia tinha previsivelmente absolutamente zero interesse, e efectivamente zero interesse teve. 0-0 sem surpresa foi o resultado.
No Grupo 2 Bélgica empatou com a Inglaterra mas ganhou a Espanha. Itália ganhou à Inglaterra mas empatou com a Espanha. Portanto a única hipótese de Espanha ou Inglaterra seguirem em frente seria ganharem o seu jogo, e esperar que Itália e Bélgica que jogavam depois decidissem cansar-se à toa sem precisar, já que o empate chegava a ambos.
A Inglaterra de facto ganhou à Espanha e podia ser apurada, desde que ITália ou Bélgica ganhassem. Itália e Bélgica sabiam que o empate era suficiente e por isso para surpresa de ninguém empataram também 0-0.
Jogos de terceiro e quarto nunca tem o mesmo impacto de uma verdadeira final por falta da motivaçao que existiria na final.
De qualquer forma até nem foi um jogo terrível. A Checoslováquia tinha sido campea europeia em 1976, a Italia tinha uma equipa de qualidade que viria a ser campea do mundo apenas 2 anos depois. A Itália dominou mas o guarda-redes Netolicka parou tudo o que pôde.
Num canto, contra a corrente do jogo, o especialista em bolas paradas Panenka enviou a Jurkemik que meteu a Checoslováquia a ganhar. Motivados quase marcaram o segundo mas quando Graziani empatou para a Itália, ambas as equipas decidiram esperar os penalties, em que a Checoslováquia bateu os italianos.
Na final, dois golos de Hrubesch, um jogador 95% fisico 5% tecnico deram a vitoria a Alemanha por 2-1 com a Bélgica a marcar pelo meio apenas um penalty. Bernd Schuster o jovem alemao de 20 anos foi o destaque do torneio criando todo o jogo da melhor equipa do torneio.
A Bélgica tinha também um bom jogador em Jan Ceulemans, mas a Alemanha globalmente era mais forte.
Claramente o torneio mais aborrecido que vi, pior ainda que o Italia 90 que pelo menos teve algumas equipas a bom nível.