Acho que é inegável que os cartazes dos festivais decaíram muito ultimamente. Pelo menos por aqui é um dado adquirido. Até um festival aqui ao lado, num dos parques de Londres, teve montes de queixas este ano devido ao cartaz fraco, má organização, e som baixo devido a mais regulamentação em relação a isso.

Oasis tive a oportunidade de ir ver e não só o som estava no ponto, mas o público foi fantástico também. Acho que tem de ser um caso de estudo mas eles montaram toda uma máquina para os suportar. Marketing on point com todas as marcas a quererem fazer parcerias com eles, toda a malta com merch de Oasis nas ruas, organização no dia do evento impecável também. O que eles fizeram para recuperar a voz do Liam não sei, mas algo se passou ali também. Ajuda ser um tipo de música que é intemporal e não se prende só numa era/altura no tempo. Muita da malta que eu via no público até era malta nos seus 20 e poucos que nem era nascida quando os principais álbuns saíram.

Está a começar a haver um apelo à nostalgia de uma certa geração, que curiosamente é aquela que agora tem dinheiro para gastar em concertos - a malta nos seus 25-40. Já tens MCR a anunciar tour de regresso, etc.

Já tenho comentado com algum pessoal nas últimas semanas que se o Alex Turner se deixa de merdas e os AM decidem fazer um tour dos 20 anos do primeiro álbum em 2026, apelando àquela base de fãs do primeiro álbum, ia ser uma máquina de imprimir dinheiro. Começam a haver alguns rumores de que eles estão a trabalhar nalguma coisa - vamos ver o que sai.

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O conceito de grande festival generalista está em declínio, neste momento simplesmente não é rentável, as grandes bandas preferem fazer tours de estádios e a solo.
O que vai sobreviver são festivais de nicho ou mais específicos (ver que este ano em Portugal os dois festivais com mais sucesso foram o Evillife e o Paredes de Coura, ambos também com cartazes muito fortes a meu ver dentro do seu público alvo).
Quanto aos públicos parece-me a mim natural que em eventos generalistas que apostem em cartazes mais abrangentes, vais apanhar um público também ele mais generalista menos interessado ou apaixonado por algum estilo de musica ou artista em particular. Vais acabar por ter pessoal que está interessado na "experiência" (aka tirar fotos para as redes ou ficar bêbado) e não particularmente no artista x ou y, não é bem de agora, eu espero sempre que um determinado artista que queira muito ver não calhe no NOS Alive porque senão já sei que se quiser ir lá vai ser uma experiência miserável.

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Nunca serás esquecido, Pedro Peixoto aka Robbie Contador (1992-2011)!!

Fora isso ainda tens que levar com o facto de que, se o teu artista de eleição for menos conhecido vais estar no meio de uma multidão que se está completamente a borrifar para ele. Quando vi Ben Howard no Alive nem me conseguia aproximar do palco porque essa noite ia acabar com Arctic Monkeys e a zona junto ao palco estava repleta de malta a guardar lugar mas que não passava qualquer bilhete ao Ben Howard. A diferença entre ver um artista menos conhecido num festival ou num concerto a solo é gritante. Passas de público completamente desinteressado para público de nicho.

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deviantART

Dá-me ideia que a multiplicação dos festivais, pelo menos em Portugal, também fez com que os cartazes tenham reduzido bastante a sua qualidade. Há uns anos atrás havia um ou dois grandes festivais que traziam os grandes nomes e um conjunto de festivais mais pequenos que traziam nomes alternativos ou principiantes. Agora temos três/quatro festivais que competem pelos nomes de topo e mesmo os festivais de gama média têm nomes como cabeças de cartaz que noutros anos fariam parte de um dia de um festival maior.

A juntar a isso temos a ânsia de captar as gerações mais novas porque é a maior mina de dinheiro que os promotores têm. Nesse sentido acabam por ir buscar os artistas mais badalados e arranjam espaço para eles no cartaz, nem que isso faça com que os dias fiquem uma mixórdia de estilos, o que reduz inevitavelmente a qualidade do público. Os festivais também estão cada vez mais confortáveis em pagarem balbúrdios por headliners de 45 minutos/1 hora, o que a médio prazo vai ter as suas consequências.

Excelente documentário sobre o Billy Joel na HBO.
Podia ser mais curto para ser ainda mais comestível, mas assim tem bastante mais profundidade.
Que artista fenomenal.

Foo's, Wolf Alice e War on Drugs no mesmo dia do Alive.