NaboDoPCM Escreveu:
O que normalmente se defende é que a sociedade ocidental está habituada ao consumo de álcool e, portanto, as pessoas lidam melhor com os seus efeitos e culturalmente são capazes de fazer um uso "correcto" da substância. Tal como a sociedade oriental com o ópio ou os povos dos Andes com a cocaína. Isto não invalida que existem exemplos de desajuste.
Claro, assim como com um numero esmagador de determinados bens transaccionáveis.
NaboDoPCM Escreveu:
Essa do sex addiction e dos paralelismos acho que não faz sentido nenhum. A questão que aqui se coloca não é proibir o sexo, é proibir ou não a legalização da sua transacção. No caso da marijuana o que se procura é abolir o seu uso pelos seus efeitos nefastos e pela existência de uma dependência psíquica (ainda que não seja das mais altas quando comparada com outras drogas).
Como é que não faz sentido se tu disseste explicitamente que "a prostituição não tem qualquer destes problemas"? Tens claramente uma dependência psíquica reconhecida oficialmente como tal e a mesma teoria que a marijuana por si só é menos defensável do que a prostituição com base num possível escalar para drogas pesadas que apresentam um efeito nefasto na sociedade é o mesmo que dizer que a exploração de desejos sexuais particularmente anormais através da prostituição pode levar a desejos sexuais ainda mais anormais e que têm efetios nefastos na sociedade. Explica-me o que está errado na comparação porque a sério que não estou a perceber onde deixa de fazer sentido. Afinal, qual é a justificação para o escalar nas drogas que não se aplica ao caso sexual?
Mas a questão aqui é: quais são esses efeitos nefastos de que tanto se fala na marijuana e porque é que só são relevantes no caso da marijuana e não nos restantes bens onde esses efeitos se manifestam de forma ainda mais pronunciada. Isto para não voltar a falar da comparação da prostituição com o consumo de cannabis.
Osmoerótico Escreveu:
p3druh, dentro do enquadramento que faço que já é exploração a venda da força de trabalho humano, a prostituição para mim tem uma agravante do próprio corpo se tornar numa propriedade que é alugada por x tempo. Nem está em questão a venda das tuas capacidades, mas o simples "espaço físico", se a actividade fosse legalizada, tecnicamente faria de quem se prostitui um "bem mobiliário", e acho que já se andou tempo suficiente na História para chegarmos à conclusão que isso não é fixe.
Eu percebo a tua preocupação mas acho que estás a levar para um caso um bocado extremo. A legalização da prostituição não implica que se conceda a liberdade total para qualquer tipo de actividade, nem a automática sujeição a qualquer tipo de condições. Pelo contrário. Não há necessidade de se escolher entre uma total liberdade ou total ilegalização no que toca à prostituição. Existe um meio-termo que pode e deve ser explorado para um problema que não deixa de existir por se fechar os olhos. Quanto muito, uma legalização regrada e controlada até ajudaria a acabar com situações como as que tu descreves (e que actualmente já acontecem), para além de abordar uma questão muito mais profunda que é o tráfico sexual e que é suportado em grande parte pela existência de uma clara e alargada "economia paralela" ligada ao sexo.